sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Gestão da Informação no Processo Decisório

Gestão da informação no processo decisório
                                                                                           Moacir da Cruz Rocha
É claro que a informação sozinha não possui o poder de transformar situação alguma, mas sem ela não tem como o conhecimento vir a existir.
A informação é um fator imprescindível para impulsionar o desenvolvimento da sociedade, constituindo-se em um insumo de fundamental importância de geração de conhecimento que, por sua vez, possibilitará de modo eficiente a satisfação das diversas demandas da população[1].
            Atualmente a irrupção e desenvolvimento das novas tecnologias estão conformando uma série de mudanças estruturais, a nível econômico, social, educativo, político, de relações. Pode-se afirmar que está sendo construído uma nova forma de entender a cultura. Neste contexto, a informação aparece como o elemento chave, aglutinador, estruturador deste tipo de sociedade.
Foi na década de setenta que se começa a falar da "sociedade da informação". Aparece a informação como a panaceia, o slogan "a informação é poder" veio à frente de toda uma série de mudanças que foram configurar novas pautas sociais. Já não se trata de desenvolver bens tangíveis, como se vinham desenvolvendo até agora em uma sociedade industrial. A nova concepção era a de "produzir" bens ligados à educação, a saúde, a informação, ao meio ambiente, à diversão, etc. Tais elementos configuram os grandes elementos que costuma denominar de “sociedade pós-industrial”.
Esta "sociedade da informação" vai se definir em relação a mecanismos como a produção, o tratamento e a distribuição da informação. Vai exigir de um ponto de vista técnico, a infraestrutura necessária para sua utilização em todos os âmbitos da economia e da vida social, fazendo que muitas de nossas ações se construam em torno desta.
Hoje em dia, na sociedade ocidental na qual estamos imersos a informação nos é “vendida” como um elemento acessível, que se pode possuir, que dá poder, que dá conhecimento. A informação se converteu em um culto, em um mito, algo que outorga autoridade, vantagens, superioridade, domínio. Entretanto, muitas vezes se desconsidera que a informação tenha caráter informativo, pelo simples feito de ser possuída, ou de poder ser assimilada por um sujeito. Produziu-se uma mudança no conceito da informação[2].
            A informação com as novas tecnologias se torna quase independente dos sujeitos. As pessoas são despojadas da posse, de ser a fonte e manancial da informação.
Ao mesmo tempo, a informação passou a ser um bem de consumo. Mas não só este produto entra dentro desta categoria mas também os modos de vida das pessoas dos países mais desenvolvidos se transformaram de uma maneira radical.
Assistimos ao nascimento de uma nova sociedade onde a qualidade, a gestão e a velocidade da informação se convertem em fatores chave da competitividade. Os sistemas da informação e comunicação condicionam a economia em todas suas etapas. Por tudo isso a informação, é atualmente elemento essencial da sociedade, parte estrutural de seu desenvolvimento e construção.
Diante das características que a informação tem tomado, não é de estranhar que a informação seja moldada por interesses políticos e sociais. Neste sentido – e considerando o papel que a informação desempenha na construção da sociedade, o que seria a busca por uma informação correta, tem se transformado – não raras vezes – em desinformação.
            É inegável o fato de que vivemos numa sociedade capitalista. No entanto, pouco compreendemos dos resultados que este fato traz para a produção e gestão da informação e, em particular, quanto mais para as relações humanas estabelecidas em seu contexto.
Entretanto, de acordo com Dupas[3],
a forma de organização histórica, econômica e social que divide a sociedade entre proprietários e não proprietários dos meios de produção, constitui na crítica educacional, neomarxista, a dinâmica central em torno da qual são analisados os processos de posse da informação e sua difusão dentro da sociedade.
            Os meios de comunicação, por sua vez, colaboram também para a formação de impressões pouco animadoras sobre o atual modelo socioeconômico, uma vez que, os conflitos sociais parecem estar emergindo em toda a parte. Os cidadãos são constantemente informados sobre as guerras entre as nações e sobre os altos índices da violência urbana. O que está provocando esta tendência nos relacionamentos humanos?
            Estar à margem dos fatos relevantes ao cotidiano talvez seja um dos fatores determinantes dos conflitos que atingem a população mundialmente. Regidos pelas leis do mercado, que excluem alguns segmentos da sociedade como os negros, as mulheres, os portadores de deficiência física e, sobretudo os pobres, os seres humanos sobrevivem na era contemporânea, em condições cada vez mais hostis.
            A qualidade das relações estabelecidas no âmbito das informações parece refletir a estrutura social – como seria de esperar – tornando a educação uma mercadoria a ser comercializada, com seus produtos direcionados à elite e outros, para a população mais pobre (e de qualidade inferior).
            A informação é o resultado de um determinado aspecto desta relação entre sociedade e sua história. Sabe-se que a difusão das informações socialmente construídas, na atualidade, é condição essencial para que se garanta um futuro de melhor qualidade às pessoas, particularmente dentro do mercado de trabalho[4].
            Atualmente, a demanda por informações tem sido um diferencial importante no das empresas.
Afinal, na medida em que o ambiente competitivo fica mais complexo e variado há necessidade de se reunir e harmonizar tecnologias altamente díspares entre si, administrar um processo detalhado de definição de padrões, estabelecer alianças com fornecedores de produtos complementares e ter acesso à mais ampla variedade possível de informações para tomadas de decisão.
Deve-se ter consciência de que a Gestão da Informação é uma jornada constante, e não apenas um projeto que tem começo, meio e fim. Como as variáveis de mercado mudam a todo o momento, também se modificam – e, usualmente, aperfeiçoam-se – as ameaças, vulnerabilidades em novos softwares, hardwares, aplicativos, protocolos de rede etc. Não adianta adquirir uma série de dispositivos de hardware e software sem treinar e conscientizar a empresa como um todo.

A importância dos Sistemas de Informação para as empresas

Em tempos em que as mudanças sociais se dão de maneiras cada vez mais rápidas, as organizações tradicionais, como extensões do meio social, travam uma inusitada batalha com a evolução do ambiente corporativo. O mundo corporativo está inserido no contexto social e, portanto, interage com inúmeras variáveis que compõem um cenário cada vez mais complexo[5].
Fator que contribui sobremaneira para esta diversidade de interações é a dita globalização, que vem promovendo um fenômeno que tende a nos levar à interação total dos agentes no mercado. Como consequência, as empresas locais acabam por sofrer, de maneira direta ou indireta, a interferência não só dos agentes do mercado local ou nacional, mas também de inúmeros players do mercado global. A interação total não é fato, mas sim uma tendência estabelecida, fruto da evolução social e exacerbada pela potencialização do processo de comunicação entre todos os indivíduos do planeta[6].
Caracterizada a complexidade do ambiente corporativo, podemos nos aprofundar mais pelo ambiente interno às organizações e avaliarmos como as empresas podem se proteger, ou melhor, se preparar para um futuro mutável.
            Um grande questionamento se impõe diante do administrador: "Como desenvolver, rentabilizar e perenizar uma organização sob um contexto competitivo, complexo e mutável." Muitos podem dizer que a saída é antecipar-se as mudanças, muito embora saibamos que a premonição não é um sentido comum ao ser humano. Podemos pensar, então, em nos adaptarmos às mudanças, mas já sabemos que a adaptação hoje em dia é pré-condição para meramente sobrevivermos. Se queremos atingir um nível de excelência empresarial, temos que criar nossos próprios diferenciais. Temos que nos adaptar às mudanças de forma mais rápida que os outros agentes, mas, fundamentalmente, primeiro que nossos concorrentes.
            Para fazermos uma análise sobre os meios para tornar a adaptação de uma empresa às mudanças mais rápidas, faremos uma breve incursão às escolas de administração científica, onde os pesquisadores se preocuparam em definir quais eram as funções básicas da administração, ou do administrador. Cada escola ressaltava as áreas que lhe pareciam mais importantes.
Mas, em síntese, independente de qualquer corrente de pensamento, podemos identificar pelo menos três fases dentre as funções do administrador. Uma que antecede à execução da ação, uma que coincide com a execução e outra que sucede a execução. Podemos dar rótulos para essas fases, muito embora estes sejam passíveis de questionamento, mas o mais importante é o entendimento. Assim, chamaremos estas de Planejamento, Direção e Controle[7].
            A execução das três fases sucessivamente configura no que podemos chamar de ciclo administrativo, ou seja, a sistemática realização de ações de planejamento, de direção, de controle e novamente de planejamento e assim por diante.
            Inúmeras empresas realizam planejamento, realizam direção, realizam controle, porém poucas empresas fazem de maneira sistemática e adequada o uso dos resultados apurados pelo controle como subsídios para o novo ciclo de planejamento da organização[8].
            Quanto mais longo for o ciclo administrativo, mais demoradas serão realizadas as correções necessárias nas mais distintas áreas da empresa. Portanto, as empresas que conseguem reduzir seu ciclo administrativo obtêm como resultado uma maior flexibilidade e, além de capacidade, velocidade de adaptação.
            O ciclo administrativo vincula-se ao contexto de mudanças pelo fato de que a administração prevê um processo de planejamento baseado na análise do ambiente corporativo, ou seja, na análise das variáveis internas e externas à organização.
Já o controle realiza a aferição entre os resultados programados, ou esperados, e os resultados efetivamente obtidos. Essa análise de desempenho traz consigo toda uma carga de informações que é fruto da interação das variáveis ao longo da execução das atividades[9].
            Como o planejamento se dá em um momento distinto do tempo daquele em que o controle e o seu feedback para o novo ciclo, a execução acaba realizando-se em condições, ou cenários, diversos daqueles inicialmente previstos. Isto faz com que o previsto seja diferente do realizado, pois se dominássemos o cenário futuro, nosso erro de previsão seria nulo ou muito reduzido.
Assim, quanto menor o tempo entre o início do ciclo e sua retroalimentação, menores serão as surpresas e melhor e de maneira mais rápida se dará a adaptação ao nono contexto.
            A ligação entre o controle e o planejamento é a função primordial da controladoria. O meio através do qual se instrumentaliza este processo é o Sistema de Informações Gerenciais.
O Sistema de Informações de uma organização deve monitorar seus sinais vitais, estruturar um banco de dados capaz de gerar informações relevantes para a orientação e suporte da direção no processo de tomada de decisões.
Uma maneira objetiva e eficaz de organizar um sistema de informações é através da estruturação de um Sistema de Indicadores de Performance, a partir do qual deverá ser possível compreender e interagir com o contexto presente da organização e ainda ser capaz de estimar o cenário futuro, através da determinação de tendências. Sua área de abrangência passa por todas as questões fundamentais de uma organização, como acompanhamento de fatores como qualidade, produtividade, rentabilidade, liquidez, alavancagem, estrutura de capital, entres outros[10].
Um bom modelo de Indicador de Performance deve compreender os seguintes pontos[11]:
▪ Medição: onde é apresentado o dado da(s) última(s) aferição;
▪ Padrão: componente que representa o patamar histórico do indicador;
▪ Referência: dado referencial para comparação com outra organização;
▪ Meta: aponta o desafio proposto pelo planejamento estratégico;
▪ Interpretação: forma de leitura do indicador;
▪ Análise: traz um parecer técnico do controller sobre o desempenho.
Com isso, uma organização pode efetivamente estabelecer a ligação entre controle e planejamento e, na medida em que consegue encurtar seu ciclo administrativo, ganhar flexibilidade.
Uma questão importante surge dentro deste contexto, visto que ressaltamos o aspecto extremamente racional da administração, mas como fica o aspecto intuitivo? Terá ele validade como forma de gestão no mundo corporativo? A resposta é sim, muito embora a questão se dá em termos de proporcionalidade.
Quando se administra uma empresa, estamos administrando Risco (gerência de risco). Onde queremos de maneira ideal obter o maior retorno possível de determinado investimento estando dispostos a correr o menor risco possível.
Toda vez que falamos em Risco, ou risco futuro, estamos tratando de um componente chamado Incerteza. Usando o chavão de que "o futuro é incerto por natureza", vemos que o grande desafio do administrador é reduzir o nível de incerta da organização, mantendo ou maximizando a sua rentabilidade[12].
A maneira que temos de reduzir a incerteza é nos cercando de INFORMAÇÕES que possam nos referenciar toda vez que tratamos de algo que será executado no futuro. Como obtemos isto? Através de um excelente sistema de informações gerenciais.
Quanto mais dominarmos as varáveis que compõe o nosso cenário passado e atual, mais condições teremos de reduzir (dificilmente eliminar) o erro, que se traduz no impacto causado pelas mudanças não previstas.
Assim, o modelo de gestão Intuitivo tem seu lugar preservado, mas deve se resguardar ao nível em que não dispomos de informações técnicas confiáveis para a tomada de decisão[13].
Por fim, podemos concluir que o sucesso de uma organização depende do seu fluxo de informações, considerando a sua agilidade, credibilidade e confiabilidade. Pois, do fluxo de informações depende o grau de flexibilidade da organização; o grau de flexibilidade determina a adaptação às mudanças e esta condição por si deve garantir a empresa o sucesso potencial.






Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal Rural da Amazônia, administrador formado pela Universidade da Amazônia, Especialista em Gestão da Informação no Agronegócio (UFJF), Mestre em Economia (UNAMA). E-mail: moaroc@gmail.com

[1] CAMPOS FILHOS, Maurício Prates. "Conceituação de Sistemas de Informação do Ponto de Vista do Gerenciamento", Revista de Informática, Instituto de Informática da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Março / Setembro 2004
[2] CORDENOSI, Jorge Luís. "Planejamento Estratégico de Sistemas de Informação Utilizando a Reengenharia de Processos", Revista de Informática, Instituto de Informática da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Janeiro/Junho 2005
[3] DUPAS, Gilberto. Ética e poder na sociedade da informação. SP: Unesp, 2001.
[4] ALMEIDA, Luís Miguel Alçada Tomás de, Sistemas de informação nas organizações, Coimbra, FEUC, 2006.
[5] LAUDON, Kenneth C.; LAUDON, Jane Price. Sistemas de informação. LTC: Rio de Janeiro,2009.
[6] OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas de informação gerenciais: estratégias, táticas, operacionais. 8. ed., São Paulo: Atlas,2002.
[7] OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas de informação gerenciais: estratégias, táticas, operacionais. 8. ed., São Paulo: Atlas,2002.
[8] BATISTA, Emerson de Oliveira. Sistema de Informação: o uso consciente da tecnologia para o gerenciamento. São Paulo: Saraiva, 2004.
[9] BATISTA, Emerson de Oliveira. Sistema de Informação: o uso consciente da tecnologia para o gerenciamento. São Paulo: Saraiva, 2004.
[10] PEREIRA, Maria José Lara de Bretãs; FONSECA, João Gabriel Marques. Faces da Decisão: as mudanças de paradigmas e o poder da decisão. São Paulo: Makron Books, 2007.
[11] OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas de informação gerenciais: estratégias, táticas, operacionais. 8. ed., São Paulo: Atlas,2002.
[12] LAUDON, Kenneth C.; LAUDON, Jane Price. Sistemas de informação. LTC: Rio de Janeiro,2009.
[13] PEREIRA, Maria José Lara de Bretãs; FONSECA, João Gabriel Marques. Faces da Decisão: as mudanças de paradigmas e o poder da decisão. São Paulo: Makron Books, 2007.

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