sábado, 15 de fevereiro de 2020

CONAB SEMPRE PRESENTE: DO PLANTIO AO ABASTECIMENTO

                                                                                                   Pesquisa de Diversos Autores

            O alimento que brota no solo deste vasto território chamado Brasil percorre um longo caminho até chegar a cada lar brasileiro. E a Conab está presente desde que o produto é colhido, cuidando de seu escoamento, armazenamento, distribuição e também da renda justa a quem consome e do envio emergência de alimentos a quem passa fome. E mais. Ela acompanha o comportamento de preços agrícolas, prevê quanto o país vai plantar e colher, e faz estudos e levantamentos sobre a área agrícola e de abastecimento para subsidiar a formulação de políticas públicas.
            A Conab segue em frente, em meio a avanços tecnológicos, no ritmo veloz da produção e circulação de dados e de alimentos, no superávit das exportações de produtos agrícolas, na participação crescente em negócios nacionais e internacionais.
            Na essência dessa dinâmica, sobressai o ser humano, origem e destino de todos os esforços da companhia. Afinal, tudo o que foi ou está sendo construído resulta de um projeto coletivo de Conab, empenhada em oferecer um serviço público de qualidade.

           


A CONAB DE OLHO NO AMANHÃ

            Consciente de sua responsabilidade com o abastecimento alimentar da população brasileira e seguindo as diretrizes governamentais a Conab tem aprimorado seus múltiplos serviços e conseguido alcançar, a cada dia, significativos saltos de qualidade e agilidade.
            Em função de seu porte e capilaridade, a Companhia prioriza as ações de planejamento. Prever safras, prover estoques, escoar produção, distribuir alimentos, regular preços, harmonizar oferta e procura de produtos, nada disso se faz de forma adequada sem o devido planejamento. A modernização e as correções de rumo se fazem n fortalecimento de sua missão institucional que é:
            “Contribuir para a regularidade do abastecimento e a garantia de renda ao produtor rural, participando da formulação e execução das políticas agrícola e de abastecimento”

           

 

MECANISMOS DE ABASTECIMENTO COMEÇAM A SER DELINEADOS EM 1549


Os primeiros  movimentos no abastecimento alimentar no Brasil ocorreram no período colonial. Em 1549, o primeiro Governador Geral do Brasil, Tomé de Souza, instituiu mecanismos para garantir o abastecimento local, entre eles a organização de feiras nas vilas e povoados, onde os nativos vendiam seus produtos.
O português Gabriel Soares de Sousa escreveu, em 1587, um dos primeiros relatos sobre o abastecimento na colônia, delineando a dinâmica do suprimento de alimentos aos colonizadores. As vias de comunicação eram precárias, as estradas quase inexistentes, mas havia abundância de alimentos.
A corrente exploratória em busca de minérios preciosos, no século XVII, trouxe as primeiras crises de abastecimento. Com fartura de gêneros nativos, caça e pesca, os colonizadores direcionaram a produção agrícola para o comércio europeu, mantendo uma fraca economia de subsistência. Enquanto a elite se alimentava de bacalhau, azeite e outros produtos importados, o povo consumia muita farinha e peixe.
A descoberta de ouro e diamantes incrementou a interiorização da colonização. Em suas viagens, os exploradores pontilharam o território com pequenas roças para suprimento das expedições. Mas a produção era insuficiente. Entram em cena, então, os tropeiros, que compravam produtos em fazendas, vilas e cidades do litoral e os transportavam para o interior, garantindo o abastecimento de cidades mineradoras d de centros urbanos do sertão no Século XVIII.

PRIMEIRAS TENTATIVAS DE ORGANIZAR MERCADOS SÃO REGISTRADAS NO BRASIL-COLÔNIA


            Com vilas e cidades, surgiram as Câmaras Municipais. Uma de suas atribuições era garantir o abastecimento e a subsistência da população local. Para isso, elegiam um juiz-almotacé – espécie de fiscal do mercado – que cuidava da igualdade de pesos e medidas dos produtos em geral, punia eventuais fraudes e distribuía mantimentos e outros gêneros do varejo.
            Diante da carestia de alimentos ao longo do Século XVIII, o governo colonial implantou a primeira rede de armazéns reguladores de estoque nos portos de Salvador e do Rio de Janeiro para garantir farinha, feijão e arroz em períodos de escassez.
            A primeira “política” de intervenção no abastecimento ocorreu após a transferência da Corte portuguesa para o Brasil, em 1808. Para atender às exigências de melhor acesso a alimentos, foram determinadas medidas, como melhoria de estradas, construção de armazéns, isenção de impostos para lanchas costeiras que faziam o comércio entre o litoral fluminense e a Baía de Guanabara e o estabelecimento de um depósito para a farinha de trigo.
            Em 1822, foram criados os mercados municipais de abastecimento e as feiras anuais de gado, que funcionavam durante três dias, com isenção de impostos diretos nas transações realizadas. Foram mantidas feiras semanais e liberados o preço e o comércio da carne. A medida prejudicou o pequeno produtor, que não podia transportar sua mercadoria e era obrigado a entregá-la a empresas ou colocá-la no mercado ambulante.

INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL SURGE APÓS A 1ª GRANDE GUERRA


            A primeira crise de abastecimento no Brasil urbano ocorreu em 1870. Foi em decorrência da falta de mão-de-obra barata após a proibição do tráfico negreiro, da ocupação crescente de trabalhadores livres em grandes lavouras de açúcar e café, em detrimento da pecuária e das culturas para consumo alimentar e da formação de monopólios no comércio de alimentos, gerando movimentos especulativos. A crise era tão acentuada e disseminada por várias regiões que fez desaparecer cidades e despovoar outras. Mesmo assim, nenhuma medida ou política foi adotada. A visão liberal predominante não aceitava políticas de intervenção ou de fomento.
            Durante mais de um século, o país viveu uma crise crônica de abastecimento, que se estendeu até o final da 1ª Guerra Mundial (1914-1918). Quando havia alimentos, eram vendidos a preços altíssimos, devido à concorrência praticamente inexistente e à ação de comerciantes e intermediários.
A primeira resposta do governo foi a intervenção direta na distribuição de alimentos. Em 1918 criou o Comissariado de Alimentação Pública (CAP), primeiro órgão oficial para intervir e regular o abastecimento. Entre outras funções, cabia ao CAP verificar o estoque semanal de gêneros alimentícios e de primeira necessidade, levantar o custo de produção destes produtos e os preços cobrados pelos produtores e, nos mercados, comprar os gêneros referidos ou requisitá-los e desapropriá-los. O CAP surgiu em meio a uma grave crise social, com agitações de massa nas principais cidades do país. Tinha poderes supraministeriais, mas não conseguiu sequer organizar uma tabela de preços que afetasse interesses de grandes grupos empresariais.

POLÍTICA DE ABASTECIMENTO SE CONSOLIDA NO BRASIL


            Para estudiosos, uma real política brasileira de abastecimento se consolidou entre a 2ª Guerra Mundial (1939-1945) e o início dos anos 60. Com a modernização da agricultura na década de 50, passou a ocorrer uma intervenção mais forte do governo na distribuição de alimentos. Porém, só em 1962 o sistema de abastecimento foi alterado, com leis mais rígidas que davam à Superintendência Nacional do Abastecimento (Sunab) – criada para fiscalizar o setor – prerrogativas de fechar estabelecimentos que desobedecessem as suas determinações.
            A partir de 1974, a gestão do abastecimento passou à coordenação do Ministério da Agricultura. De 1990 a 1992, ocorreu a fusão das empresas governamentais que atuavam, de forma independente, na área de abastecimento. A Companhia Brasileira de Alimentos (Cobal), a Companhia Brasileira de Armazéns (Cibrazem) e a Companhia de Financiamento da Produção (CFP) formaram a Companhia Nacional de Abastecimento, tendo como sigla CNA, hoje Conab.
            As informações e ações da Conab foram vitais para se delinear e consubstanciar uma primeira política de segurança alimentar e nutricional no Brasil, que contempla o acesso a alimentos com valor nutritivo, na quantidade necessária, com regularidade e obtidos de forma digna por toda a população brasileira.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Novos Conceitos De Urbano E Rural

Novos Conceitos De Urbano E Rural



Novos conceitos de urbano e rural: a uma nova idéia de ruralidade
Moacir da Cruz Rocha * (UNAMA)
INTRODUÇÃO
As concepções do desenvolvimento rural foram sendo modificadas na medida em que se passou a perceber com maior clareza a complexidade e diversidade da realidade e se evidenciam as restrições e possibilidades do alcance de suas explicações. As sociedades rurais apresentaram mudanças estruturais, devidas em boa                                                                               parte ao modelo de desenvolvimento global.
Estas mudanças fazem com que tenhamos que rever e analisar o rural de forma diferente e, nesta medida, questionar as concepções tradicionais tanto do urbano quanto do rural.
O desenvolvimento rural é entendido hoje, em um sentido amplo, como
um processo de melhora do nível do bem-estar da população rural e da contribuição que o meio rural faz de forma mais geral ao bem-estar da população em seu conjunto, seja urbana ou rural, com sua base de recursos naturais.[1]
Por sua vez, o meio rural é um conjunto de regiões ou zonas (território) cuja população desenvolve diversas atividades ou se desempenha em distintos sectores, como a agricultura, o artesanato, as indústrias pequenas e médias, o comércio, os serviços, o gado, a pesca, a mineração, a extração de recursos naturais e o turismo, entre outros.
Em tais regiões ou zonas há assentamento que se relacionam entre si e com o exterior, e nos quais interagem uma série de instituições, públicas e privadas.
O rural transcende o agropecuário, e mantém elos fortes de intercâmbio  com o urbano, na provisão não só de alimentos mas também de grande bens e serviços, entre os quais vale a pena destacar a oferta e cuidado de recursos naturais, os espaços para o descanso, e os contribuições à manutenção e desenvolvimento da cultura.
A CONTRAPOSIÇÃO URBANO/RURAL: UMA NOVA IDÉIA DE RURALIDADE
A idéia de progresso surgida no século XVIII da economia clássica, associava a passagem do mundo rural ao urbano com o caminho da civilização moderna e o reconhecimento de que a humanidade avança do passado ao futuro melhorando. Em outras palavras, passando do atrasado ao moderno, do rural ao urbano, do agrícola ao industrial.
Esta idéia de progresso baseada no século XIX tem como base revolução industrial. Busca dar ênfase nos setores mais produtivos, ou seja, os industriais, apoiando o crescimento destes setores e deixando descansar ali a absorção do emprego e, portanto, a transformação estrutural.
Isto conduziria a uma diminuição do peso e do emprego agrícola no PIB e no emprego total, como resultado das diferenças da produtividade entre a agricultura e a indústria.
Sob esta concepção de progresso econômico, ocorreria a transformação estrutural do rural para o urbano, do agrícola ao industrial, e por fim do atrasado ao moderno. Segundo esta colocação, o rural se ajusta passivamente e em função de fatores exógenos.
No plano produtivo o comportamento agrícola é residual, e depende das demandas industriais e urbanas. O endógeno no sistema é a urbanização e a industrialização; e o resultado, a modernização tanto em temos técnicos como no sistema de idéias e valores.
Se for concebido o rural como o local, autárquico, fechado, com pautas sócio-econômicas e valores próprios, uma estrutura social a partir da propriedade da terra entendida como a territorialização do agrícola, teria como resultado o fato de que o progresso é a absorção do rural, os ajustes são exógenos e passivos, o agrícola tem um comportamento residual.
Porém, esta velha visão do rural já não pode ser mais sustentada[2]. Não se trata de apagar a suposta linha divisória entre o rural e o urbano, nem de sua equivalência ao atrasado e o moderno.
É necessário visualizar um esquema de desenvolvimento e de mudança da sociedade em um sentido diferente. É mais pertinente tratar de ver a estreita interdependência do mundo rural com o resto da economia e com o meio urbano em particular.
As relações econômicas se estabelecem através de fluxos comerciais de bens agrários e manufaturados, fluxos financeiros e de recursos naturais e humanos. Nas áreas urbanas se decide, através das forças do mercado, a destinação dos recursos do meio rural, tanto os naturais para o ócio e turismo entre outros usos, como os humanos, gerando movimentos migratórios para onde se concentram os empregos.
É por isso que as zonas rurais, ainda as mais recônditas, têm uma forte interdependência com os centros urbanos mais próximos, com as grandes cidades e, hoje, na era da globalização, com negócios urbanos remotos.
Esta situação levou a alguns autores a expor como absurda a existência de uma política setorial para a economia rural uma vez que está integrada nas políticas econômicas gerais.
Esta visão prepondera de maneira especial nos membros da União Européia, onde o impacto da política agrícola tem efeitos diversos, por fatores como a redução de barreiras tarifárias e a intensificação da interdependência internacional[3].
Vários autores europeus expõem a necessidade de um novo enfoque para resolver os problemas que afligem ao meio rural, em especial sua inter-relação com o urbano, destacando seu papel na contribuição ao bem-estar para o conjunto da sociedade e modificando a visão de uma importância secundária no alicerce geral da economia.
Nos países em via de desenvolvimento, como é o caso do Brasil, vem sendo impulsionada também uma revalorização do rural, tratando de superar a dicotomia entre setor agropecuário e rural, e o papel marginal que se atribui ao setor rural no desenvolvimento.
É necessário romper o estreito paradigma econômico no qual foi situado o papel do setor rural, e passá-lo ao contexto da política e as instituições.
Reconhece-se também em vários países que o manejo da velha concepção de o rural como o atrasado e a ênfase colocada nos processos de industrialização, geraram nestes países crises de magnitudes imprevisíveis, com o aumento da pobreza, o desemprego, a geração ou agudização de conflitos por terra, e processos de lutas internas com características de guerra[4].
O ordenamento do território, a integração nacional, o restabelecimento de condições de convivência no campo, o fortalecimento da democracia participativa, o capital social e político, devem ser o fundamento de uma estratégia humana de desenvolvimento que tome como eixo o setor rural.
Só assim o desenvolvimento rural poderá melhorar o nível de bem-estar da população rural e contribuir ao bem estar da população em geral, seja esta urbana ou rural.
            O meio rural experimentou mudanças muito importantes nos últimos quarenta anos, nos distintos continentes e com efeitos muito diversos por região e por país. Mas pode-se falar em termos gerais de três grandes mudanças[5]:
a) Demográficas: como resultado do êxodo maciço nos anos sessenta e é setenta, tanto na Europa como na América, e o fenômeno da "contra-urba-nização" em alguns países europeus nos anos setenta.
b) Econômicos: que se originam pela queda da agricultura e, em alguns países, pela nova visão que o mundo urbano tem do meio rural, dando lugar a uma maior diversificação.
c) Institucionais: devido à descentralização política que pretende dar poder ao local e o regional, obviamente com desenvolvimentos desiguais nos diferentes países.
Como principais causa destas mudanças pode-se destacar, entre outras, a queda da agricultura e a intensa urbanização. Em relação ao primeiro fator, é indubitável que em vastas regiões do mundo, o rural apresentou uma diminuição drástica tanto na população empregada como na participação no PIB nacional.
Tudo isso devido ao modelo de industrialização que conduziu à aceleração dos processos de urbanização e o desenvolvimento tecnológico, poupador de mão de obra mediante capital mecânico e poupador de terra mediante o uso de capital químico e biológico.
As aglomerações econômicas que caracterizam ao modelo de industrialização dos países comunitários europeus nas primeiras décadas do desenvolvimento geraram uma intensa urbanização e um despovoamento maciço de grandes áreas rurais.
Este modelo foi seguido em países latino-americanos. Como exemplo temos Peru, México, Colômbia e Brasil, onde as capitais concentram boa parte da população.
Atualmente, estão sendo desenvolvidas estratégias que modifiquem este processo. Porém, na Europa o setor rural segue perdendo população devido a fatores como esgotamento dos solos, mudanças nas políticas agrícolas, concentração urbana de atividades econômicas, possibilidades de coletividade e acesso a serviços, etc.[6].
As regiões periféricas e montanhosas seguem conservando parte da população rural, mas são as que têm menor potencialidade econômica pelo grau de afastamento e a disseminação da população.
O mundo rural se encontra diante de uma difícil conjunção de problemas que se manifestam na perplexidade com que confrontam o futuro os agentes sociais que participação de sua gestão.
NOVA CONCEPÇÃO DO RURAL
Como foi dito, a nova visão do rural não vai do atrasado ao moderno, do rural ao urbano, do agrícola ao industrial.
Há uma grande quantidade de características que mostram a multi-direcionalidade do processo, sobre as quais há múltiplos evidências, em diferentes países, com distintos graus de desenvolvimento[7].
Vale a pena destacar a perda relativa da significação econômica e social dos setores primário e secundário, e a evidente terciarização do rural. Esta evidência é mais clara na Europa pela complexidade das atividades agrícolas e as tendências à concentração e a especialização. Na América Latina, essa tendência aumenta, e, sobretudo é uma meta posta pelo novo modelo de desenvolvimento.
É claro então que o rural já não é equivalente ao agrícola, e ao mesmo tempo que a chamada terceira revolução agrícola implica que o agrícola não seja exclusivamente a produção primária.
Tudo isto conduz a uma modificação da atividade produtiva, em especial do ponto de vista das exigências da população empregada.
A agricultura compreenderá uma ampla série de usos da terra, que vai desde produções agrícolas de uso não alimentar até a manutenção do meio ambiente.
Por outro lado se acentua a especialização territorial em função da existência de vantagens competitivas, e se acrescenta a dependência da atividade agrícola das empresas industriais e de distribuição.
Outro fator importante é que as comunidades rurais, como se entendiam antes, estão sendo escavadas e debilitadas em suas solidariedades coletivas. Tudo isso devido a fatores de desintegração territorial e de desintegração social.
Fenômenos como os deslocamentos forçados por problemas de violência ou fenômenos naturais, em vários países latino-americanos, são uma amostra deste fenômeno.
Embora em muitas regiões persistam os conflitos pela falta de eqüidade na distribuição e acesso à terra, também é claro que o novo modelo vai impondo formas diferentes de acesso, conferindo um maior papel ao capital no crescimento agrícola e à incorporação da propriedade financeira ou industrial nas áreas rurais e nas atividades agropecuárias.
Certamente se apresentará, como de fato já está ocorrendo, uma mudança importante nas demandas coletivas do rural, que vão além da tensão pela propriedade. A população reclama agora serviços básicos e mecanismos de participação, por exemplo.
Outro elemento importante é a acentuação dos desequilíbrios territoriais, e uma maior importância política destes desequilíbrios. Isto ocorre de diferentes maneiras no interior de cada país.
Este conjunto de fatos implica a necessidade de recompor ou elaborar uma visão que permita por fim esclarecer que o rural não é exclusivamente o agrícola, nem o atrasado, nem a só expressão da produção primária.
Acolheríamos então a seguinte definição: o meio rural é entendido como
o conjunto de regiões ou zonas com atividades diversas (agricultura, indústrias pequenas e médias, comércio, serviços) e nas quais se assentam povos, aldeias, pequenas cidades e centros regionais, espaços naturais e cultivados.
Além das atividades citadas, estão também o gado, a pesca, a mineração, a extração de recursos naturais e o turismo.
O meio rural é então uma entidade socioeconômica em um espaço geográfico com quatro componentes básicos:
• Um território que funciona como fonte de recursos naturais e matérias primas, receptor de resíduos e suporte de atividades econômicas.
• Uma população que, com base em um certo modelo cultural, pratica atividades muito diversas de produção, consumo e relação social, formando um ripado socioeconômico complexo.
• Um conjunto de assentamentos que se relacionam entre si e com o exterior mediante o intercâmbio de pessoas, mercadorias e informação, através de canais de relação.
• Um conjunto de instituições públicas e privadas que articulam o funcionamento do sistema, operando dentro de um marco jurídico determinado[8].

CONCLUSÕES
As novas demandas sociais põem nas mãos dos habitantes das zonas rurais a possibilidade de conduzir seu futuro por um caminho inédito, mas possível.
Enquanto estas funções constituem a oportunidade para superar a crise e encontrar uma nova posição na distribuição de papéis na sociedade, a provocação se esforça em superar a rejeição de uma grande parte da população rural a abandonar ou modificar suas atividades históricas.
Paralelamente, a população urbana deve entender que tem que modificar suas pautas de consumo aceitando pagar adequadamente certos serviços que lhe fornece o mundo rural.
Para compreender o novo modelo de relações entre o mundo rural e o mundo urbano, é necessário redefinir os papéis de cada um destes âmbitos chegando a formular um novo "contrato social" entre eles.
Mediante este contrato, a sociedade moderna deve reconhecer e assumir a necessária interdependência das áreas rurais e urbanas; definir explicitamente o decisivo papel do mundo rural e dota-lo de instrumentos adequados de desenvolvimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALSADI, O. V. Mudanças no meio rural e desafios para o desenvolvimento sustentável. Revista São Paulo em Perspectiva, v. 15, n.1, p.155-165, 2001.
CAIADO, Aurílio Sérgio Costa; SANTOS, Sarah Maria Monteiro dos. Fim da dicotomia rural-urbano? Um olhar sobre os processos socioespaciais. São Paulo Perspec. ,  São Paulo,  v. 17,  n. 3-4, 2003 .  Disponível em:
COSTABEBER, J. A.; CAPORAL, F. R. Possibilidades e alternativas do desenvolvimento sustentável. In: Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural Sustentável no Mercosul. Org. Hugo Vela, Santa Maria: UFSM, p.157-194, 2003.
GRAZIANO DA SILVA, J.F. O novo rural brasileiro. Campinas: Unicamp - Instituto de Economia, 1999. (Coleção Pesquisa, 1)


* Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal Rural da Amazônia, administrador formado pela Universidade da Amazônia, Especialista em Gestão da Informação no Agronegócio (UFJF), Mestrando em Economia (UNAMA). E-mail: moacir.rocha@conab.gov.br
¹ FRACAIADO, Aurílio Sérgio Costa; SANTOS, Sarah Maria Monteiro dos. Fim da dicotomia rural-urbano? Um olhar sobre os processos socioespaciais. São Paulo Perspec. ,  São Paulo,  v. 17,  n. 3-4, 2003 Disponível em:
[2] GRAZIANO DA SILVA, J.F. O novo rural brasileiro. Campinas: Unicamp - Instituto de Economia, 1999. (Coleção Pesquisa, 1)
[3] BALSADI, O. V. Mudanças no meio rural e desafios para o desenvolvimento sustentável. Revista São
Paulo em Perspectiva, v. 15, n.1, p.155-165, 2001.
[4] COSTABEBER, J. A.; CAPORAL, F. R. Possibilidades e alternativas do desenvolvimento
sustentável. In: Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural Sustentável no Mercosul. Org. Hugo
Vela, Santa Maria: UFSM, p.157-194, 2003.
[5] GRAZIANO DA SILVA, J.F. O novo rural brasileiro. Campinas: Unicamp - Instituto de Economia, 1999. (Coleção Pesquisa, 1)
[6] COSTABEBER, J. A.; CAPORAL, F. R. Possibilidades e alternativas do desenvolvimento
sustentável. In: Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural Sustentável no Mercosul. Org. Hugo
Vela, Santa Maria: UFSM, p.157-194, 2003.
[7] GRAZIANO DA SILVA, J.F. O novo rural brasileiro. Campinas: Unicamp - Instituto de Economia, 1999. (Coleção Pesquisa, 1)
[8] CAIADO, Aurílio Sérgio Costa; SANTOS, Sarah Maria Monteiro dos. Fim da dicotomia rural-urbano? Um olhar sobre os processos socioespaciais. São Paulo Perspec. ,  São Paulo,  v. 17,  n. 3-4, 2003 .  Disponível em:

AS CONSEQUÊNCIAS DO AQUECIMENTO GLOBAL NA AGRICULTURA



AS CONSEQUÊNCIAS DO AQUECIMENTO GLOBAL NA AGRICULTURA  

Moacir da Cruz Rocha[1]



RESUMO
O mundo vive uma ebulição ambiental. Pauta-se pelo Capital e a desigualdade. No ano de 2019 assistiu-se a mais degradações ambientais com incêndios de dimensão assustadora e desmatamento na Floresta Amazônica. O aquecimento global sem duvida é o desafio supremo que tanto o Brasil quanto o mundo enfrentam e que incidirá na agricultura, quer seja de forma positiva quanto negativa. A preocupação maior é com as altas temperaturas bem como as condições meteorológicas incertas. No entanto, o ser humano, dotado de inteligência por certo desenvolvera novos caminhos que incidirão sobre a agricultura e a temperatura ambiental. Por meio da ética e da ciência outra agricultura e m novo modelo de sociedade são possíveis.


ABSTRACT
The world is experiencing an environmental boiling. It is guided by capital and inequality. In 2019, more environmental degradations were seen with fires of frightening size and deforestation in the Amazon Forest. Global warming is undoubtedly the supreme challenge that both Brazil and the world face and will focus on agriculture, whether in a positive and negative way. The biggest concern is with high temperatures as well as uncertain weather conditions. However, the human being, with intelligence, had certainly developed new paths that will focus on agriculture and environmental temperature. Through ethics and science other agriculture and the new model of society are possible.












INTRODUÇAO

Presentemente assiste-se a uma preocupação mundial acerca das consequências oriundas do aquecimento global. Há uma ausência de consciencia mundial com relação a ação praticada por cada um contra o habitat que o acolhe e no Brasil, especificamente, degrada-se o meio ambiente, se desmata, ampliam-se as areas desertas. Atos que geram consequências que afetam o ser humano no momento presente e que certamente trarão implicações no futuro. A temperatura global aumenta e isso já é perceptível no cotidiano atual, com temperaturas desconexas ao longo dos dias do ano.
 Identifica-se igualmente um desequilíbrio no ecossistema que acomete a fauna local e que incide na extinção de múltiplas espécies de animais. E não obstante ondas de calor assimétricas com potencial para afetar a produção agrícola.  O caminho para a resolução do aquecimento global é a conscientização para a devida compreensão de que não somos a ultima geração do planeta e portanto, missão de cada um promover a não destruição planetária.

DESENVOLVIMENTO

Desde o século XIX, a temperatura planetária já elevou 1 grau como alude o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU. As temperaturas mais altas impactam diretamente na Economia e na Agricultura. Assim sendo, já existem pesquisadores a desenvolver formas e meios da agricultura sobreviver em ambientações mais quentes. 
O relatório Climate Change and Land, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU e cuja publicação ocorreu em agosto de 2019, como reporta Alves (2019, p.4) trata justamente “da conexão entre o uso da terra e seus efeitos sobre a mudança climática” e conforme alude este documento, há “um efeito perverso de retroalimentação, pois a produção de alimentos aumenta o aquecimento global, enquanto as mudanças climáticas decorrentes ameaçam a produção de alimentos”.
Três componentes – CO2, água e temperatura, três elementos primordiais para o ciclo de qualquer planta e uma alta temperatura que afeta a agricultura. As altas temperaturas acarretam em uma produçao agrícola com sérios problemas, como a queima do produto ainda no pé, tamanhos desproporcionais, entre outros.
No entendimento de Assad (s/d, p.15) “todos os cenários de aquecimento global indicam que no Brasil haverá aumento de eventos climáticos extremos, com consequências negativas para a agricultura” e adenda que “nesse caso se destacam a maior amplitude entre as temperaturas máximas e mínimas e os períodos de déficit (secas ou veranicos) e excesso hídrico”.
Assad (s/d, p.15) destaca ainda “que o aquecimento global provocará uma mudança na geografia da agricultura brasileira” havendo possivel “redução na área cultivada com café em São Paulo e aumento da área cultivada com cana-de-açúcar no sul.” Porém, há o alento de se viver na era tecnológica e, portanto existem meios de coibir que as altas temperaturas afetem à agricultura.
Doravante, Vieira (2013, p.15) refere que “a técnica do condicionamento osmótico (seed priming) pode também ser empregada com bastante sucesso nas condições de estresses, como temperatura inadequada” Para o autor, avalia-se a existência de um desempenho melhor “das sementes osmoticamente condicionadas em temperaturas sub- ou super-ótimas em diferentes espécies olerícolas”.
O homem necessita cada vez mais se adequar as novas realidades e gerar novos meios de assegurar a sustentabilidade ambiental e ainda que as temperaturas sejam altas, criar meios de assegurar plantios e colheitas de alimentos saudáveis para garantir o sustento da população. As adequações de temperatura podem conduzir a uma germinação de sementes
O ser humano carece de cuidar e proteger a casa que os abriga. O capital não pode mais prevalecer nem ao menos a liberação indiscriminada de emissões de gases promotores do efeito estufa. Faz-se contumaz refletir sobre que Planeta será deixado para as gerações futuras.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

ALVES, J. E. D. Relatório do IPCC e o efeito perverso entre produção de alimentos e mudanças climáticas. 2019. Disponível em https://www.ecodebate.com.br/2019/08/12/relatorio-do-ipcc-e-o-efeito-perverso-entre-producao-de-alimentos-e-mudancas-climaticas/. Acesso em 12 de janeiro de 2020.
ASSAD, E. D. Aquecimento Global e Cenários Para a Agricultura Brasileira. s/d. Disponivel em https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/42450/1/aquecimento.pdf. Acesso em 11 de janeiro de 2020.
VIEIRA, J. D. et al. Tempo Influência das mudanças climáticas na produção de hortaliças. Uma publicação bimestral da Embrapa Hortaliças Ano II - Número 7 Março/Abril de 2013. Disponivel em https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:QJ0w5tjO-zQJ:https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1091249/1/revistaed7.pdf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br. Acesso em 12 de janeiro de 2020.





[1]              * MSc em Economia, Especialista em Gestão da Informação do Agronegócio, Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal Rural da Amazônia, Administrador, formado pela UNAMA  E-mail: moacir-rocha@hotmail.com