Moacir da Cruz Rocha
As invenções
e descobertas feitas
pelo homem são caracterizadas pela
apreensão em facilitar a sua
vida . Quando
se refere à produção , a preocupação
é no sentido de diminuir
os esforços necessários
para a produção de bens para seu próprio consumo , objetivando melhorar
o desempenho e aumentar
a produtividade, sem desprezar
a eficiência e qualidade
dos produtos .
Por sua vez, Barreto (1995) acrescenta que o fluxo de informação e sua
distribuição ampliada e eqüitativa tem sido um sonho dos homens desde remotas
épocas. Desde a escrita o homem vem provocando proezas tecnológicas que geram
mudanças em sua visão e relação com o mundo da informação.
As redes de saber podem ser consideradas
finita ou infinita, já que cada um de seus pontos de formação pode ser ligado
ou religado a qualquer outro, o seu procedimento de conexão é um contínuo
processo de correção das conexões. A rede do saber seria sempre ilimitada, pois
a sua estrutura é consecutivamente diferente da estrutura que era um momento
antes e a cada vez se pode percorrer o caminho de acordo com trilhas
diferentes. A distribuição do conhecimento dita, ‘em rede’, é algo observado
desde o século XVII passando por antigas instituições e grupos de estudiosos.
Mas na idade média, que consideramos aqui como o período entre o
fim do Império Romano e o nascimento da civilização da Grécia e Roma, algo
entre os anos 900 e 1300 a informação era privilegio dos eruditos e estava
retida pelos muros dos mosteiros cuidada e vigiada pelos monges (BARRETO, 1995,
p. 3).
O livre fluxo de informação e sua distribuição eqüitativa
tem sido um sonho de diversos homens em diferentes épocas. A rede de saber
universal foi uma preocupação observada desde a Academia de Lince, a primeira
sociedade Científica da Europa, criada em 1603, na Itália, por Frederico Cesi. Galileu
Galileu foi um dos seus mais relevantes membros, nela ingressando em 1611.
A Royal Society, fundada em Londres em 28 de novembro de
1660, foi reconhecida oficialmente em 1662. A Academia
de Ciências de Paris foi criada em 1666; a de Berlim é de 1700 (BARRETO, 1995).
A procura pela adequada distribuição do conhecimento
produzido pela humanidade vem desde o século XVII passando por antigas
instituições e grupos europeus e americanos do norte, como a construção da
Enciclopédia de Diderot e D’Alembert, por exemplo. Ainda
na Itália tem-se a Accademia del Cimento, em Florença criada em 1651, essa se destacou por semear
os primeiros observatórios meteorológicos do mundo por diversos países da
Europa, equipados com os instrumentos inventados por Galileu, o cientista dos
séculos XVI e XVII.
A criação das academias de Londres (em 1665), de Paris (em 1666) e
de Berlim (em 1700) ocorreu quando essas cidades começaram a destacar-se pela
criação de conhecimento científico, substituindo lentamente em relevância
científica as italianas, que em meados do século XIX começavam a decair.
A meta das primeiras academias era o de possibilitar a qualquer
pessoa do povo saber o que era ciência e como eram feitas as descobertas
científicas, já que em suas reuniões se praticava geralmente a realização de
experimentos para que os leigos as vissem (BARRETO, 1995, p. 4).
As redes de
distribuição de saber, começando com as enciclopédias, procuram pela organização
do conhecimento, mesmo considerando, que na enciclopédia a codificação do saber
se dá em uma língua modelo e com conteúdos em universos particulares de
linguagem. De uma representação enciclopédica nunca se extrai uma revelação
definitiva do conhecimento ou sua exibição global.
Importante
acrescentar que as inovações
tecnológicas são fatores
de transformação da humanidade , agindo diretamente sobre
o destino dos homens .
A história mais
recente registra
a 2ª Revolução Industrial
no século XIX, que
aliada às fontes
geradoras de energia como petróleo , eletricidade , são
exemplos de transformações ocorridas, que provocaram grande
impacto na vida
das populações do mundo ,
na medida em
que permitiu aumentar
a velocidade da produção ,
reduzindo as distâncias em virtude da
melhoria dos meios de transporte , e da invenção
do telefone , permitindo a comunicação
à distância.
O uso
da eletricidade contribuiu, entre outras coisas ,
tais como, a introdução
da imprensa rotativa
aumentando a velocidade de impressão ,
além de permitir a automação
de outras tarefas feitas
manualmente como
dobras e encadernação .
Contribuiu também para
a sistematização do processamento de dados pelo pioneiro Herman Hollerith, através
do aperfeiçoamento de máquinas eletromecânicas leitoras de cartão
perfurados, usadas para tabular
informações , e que
passaram a ter grande
utilização nas atividades
comerciais e bancárias. Mais recentemente ,
em meados
do século XX passou-se a presenciar
a extraordinária revolução
provocada pela Informática
(YOSSEF, 1995) .
Barreto (1995) acredita que
a área de ciência da informação se renova ao sabor
das inovações na tecnologia sendo preferível ocupar-se com a sua historiografia
que com sua epistemologia. Dessa maneira, contar a história de como se atuava
no passado é didático e essencial para o entendimento da evolução das práticas
da área e para a formação dos seus profissionais.
A Tecnologia da Informação
(TI) tem importante marco em 1946 quando é desenvolvido o primeiro computador
eletrônico (ENIAC[1]),
com objetivo de elaborar cálculos de grande complexidade, modesto se for
considerada as proporções alcançadas na atualidade.
Do primeiro computador em meados do século
XX até o inicio do século
XXI, se observa uma rápida evolução destes equipamentos ,
e, principalmente , se for considerada a capacidade de integração
com os meios
de comunicação , permitindo que os dados
processados em grande
velocidade , pudessem ser transmitidos através das redes
de comunicação , fazendo com que qualquer informação
seja conhecida em
qualquer parte
do mundo praticamente no mesmo instante em que é
gerada.
O domínio
das tecnologias e a utilização
delas por grandes corporações
impulsionaram a globalização econômica , proporcionando a integração
instantânea dos mercados ,
facilitando a comunicação entre unidades
de uma mesma corporação
multinacional , aproximando suas unidades
produtivas da unidade administrativa independente
de suas localizações
físicas , aumentando consideravelmente a velocidade das transações
comerciais , e consequentemente
aumentando lucros , reduzindo custos e emprego
de mão-de-obra .
Neste contexto ,
um dos principais
instrumentos é a rede
mundial de computadores , a Internet[2], mais
claro exemplo
de integração de tecnologias
de informação e comunicação ,
reunindo os recursos de transmissão de dados ,
voz e imagem .
Outras tecnologias de informação e comunicação
já vinham sendo utilizadas, como o rádio , telefone , televisão , além da mídia impressa , que
permanecem constituindo importantes meios de comunicação
e permitindo que a informação
chegue até as pessoas
para que as
mesmas possam formar sua própria opinião, além
de adquirir novos
conhecimentos . Portanto ,
estar à margem
do conhecimento e domínio
das tecnologias de informação
é o mesmo que
estar a margem
do mundo atual
e sofrer as desigualdades social ,
econômica e política.
De acordo com entendimento
de Yossef (1995), se por um lado o domínio das tecnologias
de informação contribuem para
o desenvolvimento e bem
estar das pessoas
produzindo riquezas e proporcionando melhor qualidade
de vida , já
do lado das populações
mais pobres ,
que não
conseguem atingir as condições
mínimas necessárias para
utilização destes recursos ,
seja por falta
de conhecimento ou
qualquer outro
motivo , veem-se mais
acentuadas ainda as desigualdades e a falta de oportunidades ,
fazendo com que
os mais pobres
fiquem cada vez
mais dependentes .
A revolução
da tecnologia da informação
e a reestruturação do capitalismo introduziram uma nova
forma de sociedade , a sociedade em rede,
que é caracterizada pela globalização das atividades
econômicas decisivas do ponto de vista estratégico ;
por sua
forma de organização
em redes ;
pela flexibilidade de instabilidade do emprego
e a individualização da mão-de-obra ; por
uma cultura de virtualidade
real construída a partir
de um sistema
de mídia onipresente ,
interligado e diversificado e também pela
transformação das bases materiais da vida
- o tempo e o espaço
- mediante a criação
de um espaço
de fluxos e de uma referência
intemporal como
expressões das atividades .
Essa nova
forma de organização
social , dentro
de sua globalidade ,
que penetra em todos os níveis da sociedade , está
sendo difundida em todo
o mundo , do mesmo
modo que
o capitalismo industrial. Admirável
ou não ,
trata-se na verdade de um
mundo novo
(CASTELLS, 1999 p. 17).
De acordo
com Wiener (apud
KUMAR 1997, p.19), a informação é um requisito para a sobrevivência
no meio social .
É através dela que
se estabelece o intercâmbio entre o homem e
o ambiente no qual
está inserido. A comunicação e o controle , portanto ,
na medida em
que fazem parte
da vida em
sociedade , são
parte integrante
da essência da vida
interior do homem .
Para Barreto 91995), o ideal compartilhado seria o de se construir uma sociedade
do conhecimento não apenas uma sociedade da informação. É um erro confundir a
sociedade da informação com a sociedade do conhecimento. A sociedade da informação
é uma utopia de realização tecnológica e a do conhecimento uma esperança de
realização do saber.
A
Sociedade do conhecimento contribui para que o indivíduo se realize na sua
realidade vivencial, essa compreende configurações éticas e culturais e dimensões
políticas. A sociedade da informação, por outro lado, está limitada a um avanço
de novas técnicas devotadas para guardar, recuperar e transferir a informação.
A
sociedade da informação, em nenhum momento pretendeu ser a única responsável
pelo conhecimento originado na sociedade. A sociedade da informação, de igual
maneira, agrega as redes de informação, que são conformações com vigor dinâmico
para uma ação de geração de conhecimento.
Por
outro lado, salienta Barreto (1995), a velocidade e modalidade de acesso à
informação modificam a sensibilidade e competência cognitiva do ser humano. A
convergência da narrativa para uma base digital inseriu imagem e som na
estrutura de informação.
O
limite da tecnologia se dará consecutivamente, quando a inovação criada pela
tecnologia, deixar de trabalhar em benefício do indivíduo e se voltar contra
ele para lhe causar problemas. As novas tecnologias de informação de tão
intensas produzem medo, porque aumentam, de forma considerável, os poderes do homem.
Algumas vezes o transformam em objeto destes poderes. O mundo digital, por
exemplo, cria facilidades para as atividades cotidianas, as atividades de
pesquisa e de ensino, mas cria, também, monstros que assombram a segurança e a
privacidade.
Na
atualidade, muito se tem pensado neste novo tempo cibernético sobre a questão
referente ao valor da tecnologia da informação quando ponderado contra a
possibilidade de uma existência mais simples e com mais felicidade. Qual é o
papel da informação em formato eletrônico no grande dilema da existência do ser
humano atual. Quanto da informação se orienta para formar uma inteligência
coletiva e quanto para uma inteligência de competição e de provocação de
consumo em favor do mercado. Questiona-se se essas transformações se associam a
felicidade do ser humano na simplicidade dos seus espaços de convivência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARRETO,
Aldo de Albuquerque. Uma quase história da ciência da informação. DataGramaZero
- Revista de Ciência da Informação
- v.9 n.2 abr/08.
CASTELLS, Manuel. O poder da identidade.
v.ll. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
KUMAR, krishan. Da sociedade
pós-industrial à pós-moderna: novas teorias sobre o mundo contemporâneo.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
WILHELM, Anthony. A Internet e a participação política
nos Estados Unidos. In EISEMBERG, José; CEPIK, Marco. Internet e política:
teoria e prática da democracia eletrônica. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002.
YOSSEF, Antonio Nicolau; FERNANDES, Vicente
Paz. Informática e Sociedade. São Paulo: Ática, 1995.
[1] Computador e Integrador Numérico
Eletrônico
[2]INTERNET - Rede de computadores por
meio da qual qualquer comunidade pode se comunicar e trocar informações. O
vocábulo inter vem da palavra interligada e o net de network,
malha de comunicação que começou a ser definida em 1958 e chamava-se ARPANET.
Foi criada por uma instituição militar americana (Pentágono) associada a
cientistas, com a finalidade de proteger os EUA da ameaça comunista (WILHELM,
2002).
Nenhum comentário:
Postar um comentário