segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Poder Político para o Agronegócio

Poder político para o agro  

Publicado
em 17/12/2010

Brasil ganhará se o governo igualar o peso político do agronegócio ao mesmo patamar dos benefícios socioeconômicos e ambientais que o setor gera para a nação


 

* Cesário Ramalho da Silva é presidente da Sociedade Rural Brasileira

O Brasil ganhará se o governo da presidente eleita Dilma Rousseff igualar o peso político do agronegócio ao mesmo patamar dos benefícios socioeconômicos e ambientais que o setor gera para a nação. Cabe a Dilma assumir o compromisso de encampar a valorização do setor rural junto ao próprio governo e à sociedade, tirando o agro da periferia do poder. 

Esta posição justifica-se pelo fato que o agronegócio é a maior riqueza do Brasil. Responsável por 25% do PIB e um terço dos empregos, em 2009, o setor representou quase metade do total das exportações (42%).


O bom resultado econômico se transformou em indicadores sociais positivos: maior poder aquisitivo do brasileiro em relação aos alimentos, desenvolvimento dos polos agrícolas e regiões adjacentes, conforme mostrou o IBGE, e o efeito multiplicador de oportunidades e negócios que o agro irradia para os outros segmentos da economia.

Os recentes aumentos nos alimentos são por razões climáticas, que interferiram nas colheitas e estoques mundiais, desequilibrando a oferta e demanda, bem como pela intensa ação especulativa dos fundos de investimento.

Na esfera ambiental, manutenção das nascentes d'água, sequestro de carbono proveniente de lavouras, pastagens e florestas plantadas, proteção da fauna e flora, cuidados com o solo, entre outras ações, são contribuições gratuitas que o produtor rural presta à sociedade, salvo raras exceções.

O Brasil pode perfeitamente ser a potência dos alimentos, da energia limpa e dos produtos advindos da combinação da ciência com a nossa megabiodiversidade. O agro é o segmento que tem mais legitimidade para liderar este processo, porque é a atividade de natureza mais intrinsecamente ligada ao meio ambiente.

O setor tem genuína competência para costurar alianças de interesse público para tratar da questão. O poder político para o agro dará ao Brasil a chance de planejar uma estratégia competitiva, ágil e duradoura, com foco no desenvolvimento sustentável.

Renda

Porém, este redesenho institucional só será viável se o setor distribuir os dividendos da sua boa performance financeira com o principal, mas, simultaneamente, elo mais fraco da cadeia produtiva, o produtor. Especialmente a classe média, espremida entre o poder financeiro de grandes grupos fornecedores de insumos, conglomerados agroindustriais e gigantes varejistas.

O agro caminha bem, mas o produtor não. Segundo o Ministério da Agricultura, o valor de produção das 20 principais lavouras deve fechar 2010 em R$ 169,41 bilhões, resultado 1,5% superior ao obtido em 2009. Contudo, o cálculo abrange apenas o que é produzido dentro das fazendas, desconsiderando, por exemplo, inflação e custos de transporte. Grosso modo, há um verniz de rentabilidade em uma situação, que na ponta do lápis não é bem assim.

Paralelamente, a demanda por alimentos cresce, principalmente, nos países emergentes. No entanto, são cada vez maiores as restrições de áreas agricultáveis no mundo, sendo o Brasil uma das pouquíssimas exceções. Diante deste cenário, o produtor tem que investir cada vez mais em novas tecnologias, a fim de incrementar a produtividade. São gastos com defensivos, fertilizantes, sementes, maquinário, vacinas, suplementos, recursos humanos, ferramentas de gestão e assim por diante.


Tudo isso custa caro, mas ainda paira a falsa percepção que a atividade rural é um processo barato. A indústria alimentícia cobra pela inovação. O produtor não consegue repassar custos, porque ele não dá preço, é refém das cotações dos mercados. Como resolver esta intrincada equação em que é preciso aumentar a produção, de modo equilibrado com o meio ambiente e que remunere satisfatoriamente o produtor? Esta é uma solução que precisará ser encontrada.

Gestão transversal


Um caminho avança pelo estímulo ao tratamento integrado do agro. No passado recente, a pasta da Agricultura teve ótimos ministros, mas seu calibre político ainda é aquém da importância do setor que ela representa. Além disso, a diversidade de políticas públicas vinculadas a outras áreas - mas que interferem diretamente no agro - dificulta ações concatenadas, quiçá planejamento. Sem acesso a um conjunto de temas que o influenciam, o setor rural fica imobilizado.

Pela sua história de superação e coragem, a presidente Dilma tem o "dna" da perseverança e inovação. E o novo também passa pela implementação de uma plataforma de gestão transversal para o agro. O setor precisa ter mais autoridade para discutir os rumos da política agrícola (crédito, seguro, preços mínimos) e, principalmente, ter assento e voz nos fóruns de decisão de questões relativas à infraestrutura, meio ambiente, trabalho, juros, tributação, negociações internacionais, segurança alimentar e jurídica, ciência e tecnologia, entre outras. 

Exemplo seria o Ministério da Agricultura reassumir cadeira no Conselho Monetário Nacional (CMN). Ao ser protagonista das decisões estratégicas que o impactam, o agro, certamente, trará resultados positivos ainda mais rápidos, amplos e consistentes para o País.

Poder político para o agro

domingo, 26 de dezembro de 2010

MAIOR ESCÂNDALO AMBIENTAL DA HISTÓRIA

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O Maior Escândalo Ambiental da História


 

Quantidade de Créditos de MDL Vendidos Por País


 


 



 


 

O protocolo de Quioto de 1995 estabeleceu três mecanismos de mercado para negociar a redução de emissão de carbono: 1) Comércio de Emissões; 2) Implementação Conjunta; e 3) Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

Dos três, apenas o último interessa ao Brasil ou à China ou à Índia ou a qualquer outro país subdesenvolvido ou pobre, pois esses países não estão obrigados a reduzir suas emissões pelo Protocolo.


Segundo o MDL, os países ou empresas dos países ricos fariam investimentos nas nações menos desenvolvidos para reduzir as emissões de carbono e assim conseguiriam créditos que poderiam ser abatidos nas suas obrigações com o Protocolo.

O problema é que a fiscalização nessas transações de MDL é quase inexistente e acabou gerando vários casos absurdos. Ontem,
Christopher Booker relatou que firmas chinesas e indianas estão deliberadamente gerando grandes quantidades de gases altamente poluentes como o HFC-23 (hidroflurocarbono), que é 11 mil vezes mais poluente do que o carbono, para depois cobrar para destruir a

geração desse gás.


 

China e Índia têm licença para produzir o gás refrigerante HFC-22 até 2030, esse gás gera o HFC-23 como subproduto. Para destruir esse subproduto, esses países vendem creditos de MDL, isto é, cobram para destruir esse gás. E, por vezes, essa destruição sai muito mais cara do que seria normal.

O site
New Europe disse ontem que a Europa pagará 3,5 bilhões de euros para destruir HFC-23 na China e na Índia até 2012, que custaria normalmente apenas 40 milhões.


Calcula-se que  51% dos projetos do MDL são relacionadas a essas fraudes com HFC-23.
Mark Roberts da Agência de Investigação Ambiental diz que esse "This is the biggest environmental scandal in history and makes an absolute mockery of international efforts to combat climate change." (Este é o maior escândalo ambiental da história e faz zombaria dos esforços internacionais de combate à mudança climática")

Como se vê no
gráfico acima retirado do site da ONU, a China e a Índia estão bem na frente do Brasil na venda de MDLs. O Brasil está apresentando um programa de eliminação de HFC e os MDLs brasileiros, até onde eu sei, são mais relacionados a lixões (controle da emissão de metano).

O MDL como está não pode ficar. Só não sei se a atual diplomacia brasileira compartilha da minha opinião.


Eu sou completamente cético em relação à idéia de mudança climática provocada pelo homem, mas o relato de Booker, mostra que além de erros científicos, comunismo (ver o post sobre Tribunal Criminal para o Clima) e lobbies políticos, há muita corrupção debaixo do guarda-chuva de "proteger o planeta".

Créditos de Carbono

O que é crédito de carbono?

Créditos de Carbono são certificados que autorizam o direito de poluir.

O princípio é simples. As agências de proteção ambiental reguladoras emitem certificados autorizando emissões de toneladas de dióxido de enxofre, monóxido de carbono e outros gases poluentes.

Inicialmente, selecionam-se indústrias que mais poluem no País e a partir daí são estabelecidas metas para a redução de suas emissões. A empresas recebem bônus negociáveis na proporção de suas responsabilidades. Cada bônus, cotado em dólares, equivale a uma tonelada de poluentes. Quem não cumpre as metas de redução progressiva estabelecidas por lei, tem que comprar certificados das empresas mais bem sucedidas. O sistema tem a vantagem de permitir que cada empresa estabeleça seu próprio ritmo de adequação às leis ambientais.

Estes certificados podem ser comercializados através das Bolsas de Valores e de Mercadorias, como o exemplo do Clean Air de 1970, e os contratos na bolsa estadunidense. (Emission Trading – Joint Implementation).

Há várias empresas especializadas no desenvolvimento de projetos que reduzem o nível de gás carbônico na atmosfera e na negociação de certificados de emissão do gás espalhadas pelo mundo se preparando para vender cotas dos países subdesenvolvidos e países em desenvolvimento, que em geral emitem menos poluentes, para os que poluem mais. Enfim, preparam-se para negociar contratos de compra e venda de certificados que conferem aos países desenvolvidos o direito de poluir.

Crédito de Carbono é então, uma espécie de moeda ambiental, que pode ser conseguida por diversos meios:Projetos que absorvam GEE (Gases de Efeito Estufa) da atmosfera, reflorestamento, por exemplo:

Redução das emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis;

Substituição de combustíveis fósseis por  energia limpa e renovável, como eólica, solar, biomassa, PCH (Pequena Central Hidrelétrica) etc;

Aproveitamento das emissões que seriam de qualquer forma descarregadas na atmosfera (metano de aterros sanitários), para a produção de energia.

No Brasil temos um grande potencial para a geração de "créditos de carbono". O porte de nosso setor florestal é inigualável, nossa matriz energética é peculiar e não nos faltam fatores físicos, geográficos e climáticos favoráveis ao desenvolvimento de fontes energéticas ambientalmente sadias.

Como é feita a quantificação do carbono?


 

A quantificação é feita com base em cálculos, os quais demonstram a quantidade de dióxido de carbono a ser removida ou a quantidade de gases do efeito estufa que deixará de ser lançada na atmosfera com a efetivação de um projeto. Cada crédito de carbono equivale a uma tonelada de dióxido de carbono equivalente. Essa medida internacional foi criada para medir o potencial de aquecimento global (GWP – Global Warmig Potencial) de cada um dos seis gases causadores do efeito estufa. Por exemplo, o metano possui um GWP de 23, pois seu potencial causador do efeito estufa é 23 vezes mais poderoso que o CO2. Em países como a China e a Índia, ainda é utilizado na indústria de refrigeração, um gás chamado HFC 23 que possui um GWP de 11.700, ou seja, muito mais poderoso que o CO2 e que o CH4.

Esses países estão desenvolvendo projetos de MDL baseados na utilização de tecnologias para coletar e dissolver este gás.

Segunda a Ecosecurities, a tonelada de carbono está sendo vendida no Brasil, por cerca de US$ 5, devido ao risco Brasil.

Risco Brasil – no caso do Brasil, como também no da África, é exigida uma série de certificações e avais em função dos riscos de crédito, por todas as questões de credibilidade: o chamado "Risco Brasil". O Brasil não é considerado no mercado internacional um bom pagador. Já tivemos escândalos financeiros que assustaram investidores sérios, atraindo ao país investimentos de curtíssimo prazo, capital especulativo e volátil, além dos chamados farejadores das Ilhas Cayman, que adoram negócios "nebulosos" para ancorar as operações de lavagem de dinheiro. Tudo isso entra na contabilidade dos empréstimos internacionais, e o risco que corremos é de acontecer de o dinheiro com taxa baixa ou a fundo perdido chegar na mão do pequeno com taxas altíssimas.

Não se deve esquecer ainda da vulnerabilidade deste indivíduo diante de contratos complexos, projetos duvidosos e pressões de especuladores, interessados em comprar terras abaixo do preço do mercado para se credenciarem a esses investimentos.

Perguntas comuns:

Possuo uma área com reflorestamento, posso ganhar créditos de carbono com isso?

R: Para que um projeto se encaixe dentro das regras do MDL este precisa cumprir um critério que se chama adicionalidade, segundo este, um projeto precisa: ou absorver dióxido de carbono da atmosfera (no caso de reflorestamentos) ou evitar o lançamento de gases do efeito estufa (no caso de eficiência energética). Além disso, por este critério, o projeto precisa adicionar alguma vantagem, a qual não ocorreria sem este. Ou seja, no caso de reflorestamentos já ocorridos, o projeto não apresenta a adicionalidade, pois o reflorestamento já existia na ausência do projeto.

Projetos de conservação de mata nativa ou manejo florestal podem se tornar projetos de MDL?

R: Por enquanto, quanto à obtenção de créditos de carbono, a conservação e o manejo florestal não se encaixam dentro dos pré-requisitos para projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), ou seja, de comércio de carbono.

O mercado de carbono possui um critério que se chama adicionalidade, segundo este, um projeto precisa: ou absorver dióxido de carbono da atmosfera (no caso de reflorestamentos) ou evitar o lançamento de gases do efeito estufa (no caso de eficiência energética). Assim, no caso de conservação florestal, não há adicionalidade pois, sem o projeto, a absorção do CO2 já ocorreria naturalmente. Mas esta possibilidade está sendo amplamente discutida, e já existem algumas bolsas de participação voluntária que negociam estes créditos, fora do mercado vinculado ao Protocolo de Kyoto. Uma destas bolsas é a Chicago Climate Exchange. Existem também alguns fundos que apóiam este tipo de projeto, como o BioCarbon Fund, do Banco Mundial e o Climate Care (www.climatecare.org). Uma possibilidade concreta para incentivar a preservação de áreas de mata nativa é a criação de uma RPPN (Reserva Privada do Patrimônio Natural). Em alguns estados a criação dessas reservas possibilita a isenção de alguns impostos e a utilização dessas áreas para fins de educação ambiental e ecoturismo.

Para mais informações entre no site www.ibama.gov.br ou www.rppnbrasil.org.br

Fontes:

http://www.ambientebrasil.com.br

http://www.carbonobrasil.com/faq.htm

http://www.carbotrader.com/carbono_port.htm

sábado, 25 de dezembro de 2010

Marx e seu legado de horrores

Marx e seu legado de horrores

Por Ipojuca Pontes


 

No momento em que escrevo estas notas, o Produto Interno Bruto brasileiro está sendo avaliado em mais R$ 3 trilhões (à margem o que se opera na sábia economia paralela), 38% dos quais vão diretamente para os cofres do governo e são torrados, em sua quase totalidade, em grossos salários e aposentadorias, propaganda, subsídios e patrocínios, viagens incessantes locais e internacionais, verbas de representação, festas, almoços, jantares, manutenção e custeio da amplíssima máquina burocrática, propinas, doações a fundo perdido, além de mordomias múltiplas - para não falar nas bilionárias e permanentes falcatruas das agências, bancos, ministérios e institutos oficiais.

     A justificativa encontrada pela elite política e administrativa do país para gastos tão alarmantes quanto inúteis são os imperativos de se obedecer aos dispositivos constitucionais,  traçados pela própria elite, e que impõem um simulacro de deveres para com o "social" – fraude lastreada, na atual temporada, pelo ardiloso programa do Bolsa Família. De fato, aos olhos de todos (se não estiverem tapados), na medida em que crescem de forma galopante as escorchantes tributações sobre os bens e ganhos privados, dos trabalhadores e dos empresários, aumenta o número de "excluídos", pois uma coisa decorre exatamente da outra: é o "Estado forte" (com suas "empenhadas" elites partidárias e instituições burocráticas em geral) que se apropria, por força da violência legal (e da inércia ou ignorância da população), da riqueza produzida pela sociedade para usufruto diuturno de privilégios. 

     A grande e inominável sacanagem que a elite política (à esquerda e à "direita") comete contra o povo brasileiro consiste em não esclarecer alto e bom som quanto à absoluta incapacidade do Estado em solucionar o problema da pobreza e de não o alertar para o fato de que a existência do Estado se fundamenta, por principio, na exploração e escravização da sociedade (daí, a extrema necessidade de tê-lo sob o controle do indivíduo).

      Pode-se afirmar, como Hegel, um professor universitário imaginoso e bem-remunerado, que o Estado representa a realidade racional do Espírito absoluto, ou tolerá-lo, no dizer de Roberto Campos, como um mal necessário. Mas, de um modo ou de outro, as medidas paliativas que em seu nome se alardeia, aqui e acolá, bem como as benfeitorias, no campo social, que a toda hora se inventa e proclama - são elas próprias a evidência do malogro.

     E aqui entra, mais uma vez, o pensamento de Marx (e afins). Vociferando contra as forças produtivas da sociedade historicamente sedimentada na propriedade privada, na confiança e na solidariedade que os homens cultivam para sobreviver, o irado profeta da trombeta vermelha, por força de um caráter absolutamente egoísta e deformado, fortaleceu como nenhum outro intelectual moderno o mito do Estado (especialmente ditatorial) como instrumento para se chegar à igualdade e à justiça social. Com sua diabólica vocação para vender ilusões e promover discórdias, expressão de injustificada revolta contra uma realidade espiritual transcendente que jamais chegou a entender, ele de fato ajudou (e continua ajudando com a mística do comunismo) a erguer sociedades perfeitamente escravocratas e desiguais, mantidas ora pela mentira e pelo genocídio, ora pelo medo e pelo terror.   

     Ao cabo de tudo devemos nos indagar sobre a verdadeira razão do prestigio do marxismo na América Latina, levando-se em consideração que as revoluções ocorridas nos últimos 100 anos jamais se deram, conforme previsto por Marx, pelo desenvolvimento das "contradições internas do capitalismo" e menos ainda pela força do "determinismo Histórico".

     Em parte, a pergunta encontra resposta na já mencionada luta campal que grupos, partidos e corporações travam pelo poder, usando como instrumental as mais fantasiosas teorias para legitimar a exploração do trabalho da maioria –

o que significa dizer,  em última análise, a exploração da riqueza criada pelo trabalhador e pelo empresário por uma minoria ativa de políticos, corporações e tecnoburocratas que usam o Estado (e seu aparato de violência legal) para impor suas vontades e garantir seus privilégios.

No que se refere à outra parte da resposta, tenho dúvidas quanto à capacidade da maioria em enxergar o óbvio ululante, pelo menos até que sinta na própria carne – a exemplo do que ocorreu na ex-URSS e ocorre hoje em Cuba, Coréia do Norte, Vietnã e China – a tirania da nomenclatura em nome da Ditadura do Proletariado - o que, bem avaliado, no Brasil de hoje é um projeto que navega firme e a todo vapor.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS


COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS


Moacir da Cruz Rocha *


 



Entregar o produto no momento, no local e de forma adequada ao consumidor final, é o objetivo maior que faz com que sejam montadas complexas e gigantescas estruturas de comercialização e logística.

Na agricultura, a origem do processo se dá com a decisão do produtor do que e quanto plantar. A qualidade dessa decisão depende da profundidade do conhecimento que ele tiver sobre o ramo em que atua e da noção de gestão empresarial, para adotar as melhores estratégias na superação das dificuldades e minimização dos riscos que envolvem a atividade agrícola, especialmente na fase de comercialização.

Observar o cenário e entender como atividade pode ser afetada em determinada conjuntura, pode ser determinante na tomada de decisão do produtor agrícola. É fundamental entender que a globalização tanto apresenta desafios, como oportunidades. Fazendo com que os sistemas agroindustriais ultrapassem as fronteiras nacionais e as nações possam se posicionar, simultaneamente, como exportadoras e importadoras de bens, mão-de-obra, indústrias, tecnologias e outros.

Para que o empresário agrícola consiga obter sucesso na comercialização de seus produtos é necessário que conheça os fundamentos do mercado. Estes são, entre outros, as cadeias produtivas, suas interrelações contratuais; os determinantes da oferta e da demanda dos produtos e de seus substitutos e os demais elementos da estrutura de mercado que influenciam o comportamento dos preços. Eles são as forças que dão origem a meios diferentes de formação e transmissão de preços dos produtos agropecuários. Juntamente com o


 


 

* MSc em Economia (UNAMA), Especialista em Gestão da Informação no Agronegócio (UFJF)Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal Rural da Amazônia, Administrador formado pela Universidade da Amazônia, , E-mail: moacir.rocha@conab.gov.br


 

acompanhamento dos preços dos mercados futuros, fornecem as ferramentas básicas para operar nos mercados agropecuários.

A comercialização de produtos agrícolas é diferente de outros mercados, como comércio e indústria. Algumas dessas diferenças podem ser percebidas a partir das características do produto e da produção.

Os produtos agrícolas não estão normalmente utilizáveis para o consumo, à saída da exploração. Nestes casos, a sua preparação pode envolver a passagem por uma ou várias agroindústrias que os transformam em outros produtos que serão disponibilizados ao consumidor. O produtor agrícola também pode, ele próprio, apostar na transformação artesanal dos seus produtos. Em qualquer dos casos, esta função é importante pois, a este nível, se pode fazer a diferenciação do produto final.
As características principais dos produtos agrícolas são:
a) produzidos na forma bruta – necessitam ser transformados antes de ser vendidos ao consumidor final;

b) são perecíveis – se não se dispõe de forma adequada de armazenagem, precisam ser comercializados rapidamente; e

c) são volumosos – encarecendo o transporte e o armazenamento.

A produção apresenta as seguintes características:

a) variabilidade da produção anual;

b) sazonalidade;

c) distribuição geográfica;

d) atomização da produção;

e) variação da qualidade do produto;

f) dificuldade de ajustamento; e

g) estruturas de mercado enfrentadas.


A comercialização de produtos agrícolas engloba todo o processo que decorre desde a saída do produto da exploração agrícola até à sua chegada às mãos do consumidor". Engloba todas as operações e agentes que as realizam, relacionadas com o movimento de alimentos produzidos pela agricultura e matérias-primas, das explorações agrícolas até os consumidores finais e os efeitos destas operações sobre os agricultores, intermediários e consumidores.
A comercialização agrícola é como uma série de funções ou atividades de transformação e adição de utilidade (proporcionar satisfação biológica ou psicológica ao ser humano, que se dispõe a pagar por sua posse), onde bens e serviços são transferidos dos produtores aos consumidores. A comercialização ocorre no mercado, que é o local onde operam as forças de oferta e demanda e ocorrem as transferências de bens e serviços em troca de dinheiro. Mercado é "(...) uma coleção de firmas, cada uma delas ofertando produtos que têm algum grau de substituição para os mesmos compradores potenciais".
Durante o processo de comercialização ocorrem alterações de posse, forma, tempo e espaço. As alterações de posse correspondem à transferência de propriedade; ocorrem entre os agentes que operam entre a produção e o consumo final. Alterações de forma ocorrem com o emprego de recursos produtivos para transformar o produto agrícola de sua forma bruta em produto processado e em condições de ser consumido e proporcionar satisfação ao consumidor. As alterações temporais acontecem principalmente porque a produção agrícola é sazonal. As transformações espaciais referem-se a produção que ocorre, normalmente, em regiões fora do local de consumo .

O preço de um produto agrícola é um dos fatores que condiciona a sua procura. Preço de mercado é o preço que se consegue por um produto ao nível do consumidor, num mercado competitivo e reflete a satisfação que este espera conseguir através do consumo do produto. Ele também significa o nível de equilíbrio onde o máximo preço que os consumidores estão dispostos a pagar coincide com o mínimo preço que os produtores concordam em receber por determinada quantidade de produto.

No trajeto produtor-consumidor, a mercadoria passa por diferentes canais de distribuição. O nível do produtor é aquele onde os produtores oferecem sua produção aos intermediários. O nível de atacado é aquele onde ocorrem transações mais volumosas e a mercadoria passa para o varejista – é integrado pelos intermediários e alguns poucos produtores. O nível de varejo constitui o último elo da ligação e é aquele que está em contato mais direto com o consumidor.

O fluxo de mercadorias em direção ao consumidor pode ser decomposto em três fases distintas, mercados do interior ( concentração), mercados centrais (equilíbrio), mercado secundários (dispersão).

Na primeira etapa da comercialização há um processo de convergência da produção para um mercado central (atacadista). Neste mercado se dá o balanceamento entre oferta e demanda, caracterizando a segunda fase, onde a produção pode ou não ser armazenada. A terceira fase envolve a dispersão da produção em lotes cada vez menores, até alcançarem os consumidores finais por meio dos varejistas.

As operações de comercialização mais importantes são as seguintes:
Transporte: a operação de transporte é cada vez mais importante dado o afastamento das áreas de produção em relação aos centros de consumo e às maiores exigências, em termos de qualidade dos produtos, dos consumidores; acrescenta unidades de espaço ao produto agrário.
Armazenagem / Conservação: enquanto que a oferta de muitos dos produtos agrícolas se concentra apenas em alguns meses do ano (sazonalidade das produções), o consumo desses mesmos produtos dá-se durante todo o ano; tal só é possível porque se armazena e conserva (ou se transforma no caso de produtos perecíveis) uma parte importante das colheitas. Por outro lado, a oferta de produtos agrícolas também varia de um ano para outro. A armazenagem permite regularizar a oferta possibilitando a disponibilização de estoques quando a produção é insuficiente e a criação de estoques quando a produção é excedentária; acrescenta unidades de tempo ao produto agrícola.
Transformação: a transformação é normalmente considerada uma atividade à parte da comercialização. No entanto, os seus aspectos econômicos e comerciais fazem parte integrante da comercialização. Ela é importante para a diferenciação de muitos produtos agrícolas e mesmo indispensável para a conservação de outros (trigo, soja, milho, etc.).
Normalização / Tipificação: a normalização tem como objetivo formar lotes homogêneos de produtos de modo a facilitar as operações de compra e venda. A normalização, associada à tipificação, deve ser realizada para todas as produções agrárias pois contribui para a sua diferenciação junto do consumidor; estas operações acrescentam unidades de forma ao produto.
Embalagem / Informação ao consumidor: a embalagem tem funções identificadas com a proteção dos produtos agrícolas, a facilidade de transporte, a informação ao consumidor, mas igualmente com a imagem do produto. Há dois níveis a considerar: a embalagem de grandes quantidades de produtos, em que as primeiras funções referidas são privilegiadas e a embalagem para venda a retalho, em que se tem que ter em conta todas as funções que a embalagem pode desempenhar; esta operação acrescenta unidades de forma ao produto.

Compra / Venda: é a operação mais importante e óbvia da comercialização. Esta consiste, em parte, num conjunto de transações entre indivíduos que aproximam os produtos agrários do consumidor.

Estas operações compreendem algumas das atividades da logística,. Contudo, o transporte, por ser atividade fundamental da comercialização e ao mesmo tempo, um dos maiores causadores de problemas, merece um maior aprofundamento que farei no próximo artigo.