quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sustentabilidade

Não é pela força que uma pessoa se torna ambientalista. Trata-se de uma mudança de padrão de vida que vai gerar frutos a médio e longo prazo
Com tantas notícias graves envolvendo o meio-ambiente pelo mundo, pode-se dizer que toda ação ambiental, por menor que seja, é bem-vinda. Venha de onde vier, será sempre “lucro”. Em qualquer oportunidade de contato com públicos diversos em que o tema seja abordado, creio que pelo menos uma pessoa sairá motivada ou inspirada para pesquisar mais sobre o as questões ambientais. Nem todos sairão plantando árvores ou substituindo todos os itens de sua casa por outros “verdes”, mas alguma transformação deve acontecer.
Um exemplo a ser citado são as empresas sustentáveis (ou consideradas assim) que procuram aplicar esse conceito em ações simples, como reduzir consumo de energia e água, praticar a coleta seletiva ou treinar e capacitar seus funcionários para um mundo mais verde. O setor de construção civil pode erguer ou reformar um imóvel com itens ecologicamente corretos, desde a compra de materiais, a contratação de mão-de-obra local e propor, ao término da obra, a continuidade dessa visão.
Isso não quer dizer, necessariamente, que todas pessoas sairão destas palestras ou treinamentos ambientalistas, no sentido mais amplo da palavra.
Muitos alegam que, devido à atualidade que o termo sustentabilidade representa, ela é tratada apenas como um negócio. Em alguns casos, pode ser. Mas o que importa é a ação, a postura, a prática, a vontade, mesmo que o objetivo seja comercial. O foco principal é que algo está sendo feito por um mundo melhor. No final, o resultado é louvável.
Uma empresa solicita a visita de uma consultoria ambiental no caso de sofrer uma pressão dos consumidores, quando é autuada por um órgão fiscalizador, quando a matriz exige mudanças nos padrões de fabricação e compra de matéria-prima, mas raramente por uma visão ecológica do negócio. Na maioria das vezes, a motivação financeira predomina, já que a associação de uma marca a práticas sustentáveis reforça o marketing ecológico. Ainda assim, as vantagens existem.
Claro que seria magnífico se as empresas se importassem de forma sincera com o meio ambiente e nenhuma se dispusesse a exibir uma certificação ambiental que na prática não saiu do papel. No entanto, a informação é um importante fomento das causas ambientais. O fato de a empresa implantar práticas mais verdes na sua rotina faz com que funcionários e consumidores tenham acesso a novidades.
Há várias formas de comunicar esse conceito: eventos, comunicados, reuniões ou palestras sobre meio ambiente para os funcionários, chamando a atenção para as necessidades e dilemas ambientais do presente e as possíveis mudanças no cotidiano. Por exemplo, trocar idéias sobre como ter práticas mais saudáveis e sustentáveis e incentivar a formação de comissões internas para decidir essas práticas. Outras, com pouco custo e muito efeito, como disponibilizar textos sobre meio ambiente no site da empresa; implantação de programa de coleta seletiva para funcionários, colaboradores e fornecedores; buscar tecnologias para aproveitar a luz natural e economizar água.
Cada situação citada pode levar as pessoas a pensar sobre as questões ambientais que preocupam e não poupam nenhum país deste mundo. Longe de ser os antigos “ecochatos” da década de 80 ou meros ativistas verdes, precisamos no momento de ação – e não de falsos pragmatismos. O Governo tem criado as regras do jogo para as empresas e para a sociedade como um todo. São leis e decretos instituindo a coleta seletiva, proibindo o corte de árvores nativas e medidas para amenizar a poluição e a devastação em todas as suas formas. Sim, isto é muito bom. Pode parecer ingenuidade ou irresponsabilidade, mas várias sementes de consciência ambiental estão sendo plantadas. Não é pela força que uma pessoa se torna ambientalista, pois de certa forma implica em criar hábitos e pequenos sacrifícios diários. Trata-se de uma mudança de padrão de vida que vai gerar frutos a médio e longo prazo. Conheço pessoas que fumam, mas têm uma postura em relação às questões ambientais mais contundentes que muitos ecochatos. Existem por aí muitos lobos em pele de cordeiro e no ambientalismo não é diferente.
O meio ambiente carece de práticas, de ações sustentáveis. Cuidar do lugar em que vivemos é, sim, uma obrigação moral. Ou alguém aí pretende beber água contaminada, comer um alimento tóxico, ter problemas respiratórios pela poluição do ar, tampar o nariz ao ver um lago (quando poderia mergulhar nele) e andar várias quadras sem ver uma árvore adulta sequer? Quem quer ser adepto não é preciso nem sair de casa. Pode começar eliminando a prática de lavar a calçada com mangueira. Todos podemos ser ambientalistas por ações e não apenas por formação ou por ser membro de uma entidade de defesa dessa causa. Pequenas ações vão despertar o ambientalista que existe em você.
Por Jetro Menezes, Gestor e Auditor Ambiental, responsável pela Jetro Consultoria Ambiental (www.jetropapelreciclado.com.br). Foi coordenador do Programa de Coleta Seletiva da Prefeitura de São Paulo e atualmente é Diretor de Meio Ambiente da Prefeitura de Franco da Rocha.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Implementação da Pesquisa Operacional

Implementação da Pesquisa Operacional

(WAGNER, Harvey M.; “Pesquisa Operacional”; 1986 ) – Biblioteca do ICE
observação: este texto foi obtido através de OCR.

Nos últimos anos, fizeram-se muitos avanços técnicos significativos em pesquisa operacional. Mas um progresso ainda maior ocorreu na implementação da pesquisa operacional, seja em atividades privadas, seja no governo.
No início dos anos 60, um praticante de pesquisa operacional tinha que ser tanto um especialista científico como um mestre na "arte da persuasão". Naquela época, uma habilidade de venda ética, mas convincente, era necessária porque relativamente poucas empresas estavam convencidas de que a pesquisa operacional era uma atividade capaz de gerar lucros. A maioria dos executivos classificava essa atividade como uma forma esotérica de pesquisa e desenvolvimento, e, de fato, várias grandes empresas colocaram seu grupo de pesquisa operacional num departamento de P & D.
Desde então, esta situação mudou drasticamente. Hoje em dia, é raro os especialistas em pesquisa operacional precisarem justificar sua existência. Os executivos agora se orgulham de utilizar modelos computadorizados que foram projetados para ajudá-los a analisar problemas complexos de decisão. (Muitos administradores protegem seus modelos computadorizados como parte de seus domínios territoriais.) Enfim, pouquíssimos executivos nas empresas mais bem sucedidas ainda perguntam: "Porque precisamos de pesquisa operacional? '".
As perguntas que os administradores fazem agora são: "Que áreas de aplicação são as mais lucrativas?"; "Nossa companhia está gastando pouco ou muito em pesquisa operacional?"; "Como eu posso usar pesquisa operacional o melhor possível?”Em outras palavras, o interesse atual dos administradores é aprender como conseguir o máximo benefício com a pesquisa operacional.
As seções abaixo exploram as implicações práticas desta atitude gerencial e apresentam visões didáticas do processo de implementação. Embora os títulos das seções dêem a entender que são apresentadas prescrições práticas, este capítulo não pretende ser um compendio de procedimentos detalhados para garantir a implementação. É mais uma coletânea de recomendações de como fazer a pesquisa operacional funcionar com eficácia. A discussão é enfocada nas pessoas e não nas técnicas matemáticas.
Você descobrirá logo que a chave do sucesso na prática da pesquisa operacional é que os executivos e os profissionais de pesquisa operacional exerçam conjuntamente seu melhor juízo pessoal. Em particular, os administradores e os especialistas devem decidir juntos que projetos executar, que objetivos buscar, que grau de esforço despender e que cronograma seguir. Estes são os assuntos analisados a seguir.
*N,T.: O autor descreve a situação vigente nos Estados Unidos.

22.2 COMO COLOCAR A PESQUISA OPERACIONAL A SERVIÇO DOS ADMINISTRADORES

O que comumente distingue os executivos acostumados a. usar pesquisa operacional daqueles que a usam pela primeira vez é que os primeiros reconhecem a necessidade de assumir responsabilidades com relação à condução do projeto. Por razões muito compreensíveis, os administradores novatos mantêm-se distantes no seu envolvimento. Tal postura não é recomendável e pode tornar-se dispendiosa para a empresa, mesmo quando a aplicação de pesquisa operacional acaba sendo bem sucedida.
Pela sua própria natureza, os administradores de linha têm que assumir a responsabilidade de certificar-se de que seja analisado o problema certo e de que sejam exercidos controles adequados para acompanhar o progresso da aplicação. A experiência tem repetidamente demonstrado que ignorar esta responsabilidade é prejudicial a todos e pode facilmente ser a causa primordial de um fracasso, apesar da competência e da sinceridade da equipe de pesquisa operacional. Esta seção sugere algumas formas de um executivo garantir que um esforço de pesquisa operacional seja bem dirigido e orientado para beneficiar a empresa toda.

Que benefícios um administrador deveria esperar? A pesquisa operacional pode ser utilizada para se preparar uma extensa análise, quando justificada, de um problema de decisão importante e intricada. Você logo observará, ao aplicar pesquisa operacional, que esta abordagem inerentemente exige que se sigam procedimentos sistemáticos e que se dê atenção cuidadosa a detalhes. (Nenhuma outra abordagem para a solução de problema gerencial complexos sequer chega perto da pesquisa operacional quanto à exigência de disciplina na análise.) A utilização conjunta de técnicas matemáticas avançadas e poderosos recursos de computação permite uma exploração cabal das alternativas relevantes. Um bom estudo de pesquisa operacional não deixará dúvidas na mente de um executivo de que todas as linhas de ação razoáveis foram investigadas, e tornará cristalinos os méritos relativos de ações específicas, assim como suas conseqüências.
Um ingrediente central para um estudo de pesquisa operacional bem-fundado é fazer muitos testes de sensibilidade. Através do estudo cuidadoso de casos comparativos, os executivos podem confirmar seu entendimento do modelo subjacente, dos pressupostos e dos dados. Além disto, os benefícios que um administrador pode obter de um modelo voltado ao planejamento deriva em grande parte da compreensão adquirida com esses testes de sensibilidade. Raramente ou nunca, um executor busca "números" como respostas; a maioria dos tomadores de decisão quer, antes, uma avaliação quantitativa de quais os riscos que estão em jogo nas várias alternativas, que mudanças de direção têm mais chance de aumentar os lucros e que caminhos são promissores para ulterior investigação (tais como o desenvolvimento de novos produtos, entrada em novos mercados, localização de novas fábricas etc.). Freqüentemente os testes de sensibilidade revelam que a incerteza a respeito de um fator que se imaginava crítico não é na realidade importante para se tomar uma boa decisão, enquanto um outro fator, inicialmente considerado insignificante, na realidade é crucial.
Para determinar se um projeto de pesquisa operacional está atingindo padrões de qualidade aceitáveis, há alguns indicadores fáceis de verificar: a pronta disponibilidade dos dados utilizados e dos pressupostos do modelo numa forma compreensível a leigos o resumo dos resultados e os detalhes de apoio apresentados na forma de relatórios gerenciais, e tempos de processamento razoáveis para se fazerem análises adicionais com dados ou pressupostos ligeiramente modificados. A melhor forma de um administrador efetuar estas verificações é fazer perguntas e esquadrinhar as respostas.
Um modelo projetado completamente deveria fornecer ao administrador respostas abrangentes do tipo "o que acontece..." e "e se...", sem exigir um gigantesco esforço a todo vapor. (Apressamo-nos em esclarecer, contudo, que não é justo esperar um serviço tão rápido nos estágios iniciais do estudo. Um executivo de linha deveria continuar a fazer perguntas durante todo o projeto e verificar se o esforço exigido para responder a estas perguntas acaba se tomando rotineiro e compatível com o valor das respostas dadas.)

Outro indicador de qualidade de um projeto é em que medida a análise resulta em uma estratégia recomendada, em contraposição a uma decisão única recomendada.
Como exemplo, o resultado de um estudo de expansão de capacidade de longo prazo não deveria ser apenas uma lista de equipamentos a serem comprados e previsões de níveis de produção. Preferivelmente, o resultado deveria indicar as decisões a serem tomadas de imediato, deveria incluir recomendações de quando tornar o próximo conjunto de decisões, considerados os dados presentes, e deveria estabelecer em que circunstâncias estas decisões futuras deveriam ser reexaminadas e talvez, reformuladas.
Até mesmo as recomendações para a decisão imediata deveriam ser condicionadas a ponto de indicarem que outras alternativas seriam apropriadas se os dados variassem além de uma faixa de valores e se quaisquer pressupostos restritivos fossem relaxados.

Que limitações deveriam ser reconhecidas por um administrador?

Respondemos parcialmente a esta pergunta na Seção 1.3., você pode querer rever essa matéria. Três outras advertências são acrescentadas aqui.
Em primeiro lugar, quando um modelo de pesquisa operacional é usado para reduzir custos, a economia percentual pode ser relativamente pequena em comparação com a total. Mas, se esta percentagem for aplicada a uma base de custo grande, a economia total resultante pode equivaler a várias vezes o custo do estudo de pesquisa operacional.
Ocasionalmente, um modelo de planejamento revelará um dispendioso erro nos procedimentos operacionais correntes; em tais casos, as economias podem ser grandes.
Na maioria dos casos, um aumento dos lucros decorre de os executivos adquirirem uma compreensão mais profunda da situação em que o problema ocorre e, em decorrência, desenvolverem um senso mais apurado para tomarem decisões corretas e manterem o controle num meio ambiente competitivo e incerto. É possível medir este tipo de impacto, precisamente, em cruzeiros: não obstante, os benefícios são reais e são percebidos e valorizados pelos dirigentes da empresa. Se uma seqüência de aplicações for preponderantemente bem sucedida, seus efeitos benéficos serão patentes através da modificação de comportamento dos executivos nos vários níveis da empresa.
Em segundo lugar, embora um modelo de pesquisa operacional freqüentemente use a matemática da otimização, a solução resultante não deveria ser vista como fornecendo necessariamente uma resposta ótima para o problema real- Afinal, como este livro tem repetidamente enfatizado, um modelo é inerentemente uma aproximação da realidade, e,portanto, uma solução ótima desta aproximação pode não ser a resposta "final" para o problema real de decisão. A questão importante, no entanto, não é se a solução proposta é ótima, mas sim se a solução fornece uma melhoria significativa em relação às alternativas a ponto de tornar-se digna de aceitação.
Em terceiro lugar, ao fornecer uma solução para um conjunto de problemas, o modelo de pesquisa operacional pode, por sua vez, criar um outro conjunto de problemas. Por exemplo, a análise pode demonstrar a necessidade de um sistema de coleta de informações ou de reestruturar certas políticas de operação; e assegurar que um modelo se mantenha continuamente atualizado suscita, por sua vez, novos problemas administrativos.

Quando é que um administrador deveria iniciar um projeto de pesquisa operacional? É útil distinguir entre situações de decisão únicas ou infreqüentes e situações de decisão repetitivas (tais como traçar um plano anual, programar a utilização de pessoal e equipamento, e reabastecer estoques).
Em estudos especiais, a decisão de usar pesquisa operacional depende da importância econômica ou estratégica da decisão, do tempo disponível para fazer a análise e da relevância e disponibilidade dos dados. É difícil e perigoso aplicar pesquisa operacional sob pressão de tempo. Por isso, um administrador deveria cogitar de usar esta abordagem quando os benefícios potenciais forem elevados, quando a decisão não precisar ser tomada até segunda-feira de manhã, quando os dados para a análise estiverem disponíveis e quando a decisão não for tão influenciada por considerações políticas ou personalistas dentro da empresa que a análise econômica tenha importância secundária.
Em situações de planejamento, a decisão de usar pesquisa operacional também depende dos potenciais benéficos econômicos e estratégicos do problema e dos dados disponíveis. A diferença mais crucial entre as aplicações de planejamento e os estudos especiais é que as primeiras têm um horizonte de tempo mais longo para o desenvolvimento e teste do modelo. Como faremos ver nas seções adiante, controlar o progresso na gestão de um estudo de pesquisa operacional é importante; não obstante, a empresa não vai parar se um atraso de algumas semanas adiar o término de um modelo de planejamento de pesquisa operacional. (E sempre há um atraso de algumas semanas!).
A decisão de desenvolver um modelo computadorizado para as operações do dia-a-dia geralmente é mais complicada. Numerosas empresas tiveram sucesso na construção de tais modelos para aplicações bem diversas como controle de estoques, determinação de rotas de uma frota de petroleiros e programação de serviços numa oficina mecânica.
Com freqüência; os benefícios econômicos são percentualmente pequenos, o esforço para projetar o sistema é tremendo e o processo de implementação é doloroso. Por isso, este tipo de aplicação em geral justifica-se na medida em que produza benefícios que se estenderão por um período relativamente longo.
Às vezes, os executivos enganam-se ao pensar que os dados disponíveis não são suficientemente precisos para que o uso de pesquisa operacional se justifique. A aplicação de técnicas estatísticas no delineamento de experimentos industriais, na monitoria de processos de produção contínuos e de maquinaria e na auditoria de um grande número de transações contábeis demonstra que técnicas matemáticas podem ser eficazes para analisar dados esparsos que estão sujeitos a variabilidade e erros de medição. Dados imprecisos ou em quantidade limitada não impedem necessariamente a aplicação de uma técnica matemática. Mesmo quando não existe nenhum dado histórico, o administrador pode traduzir em afirmações probabilísticas o conhecimento que adquiriu através da experiência. Portanto, não é apropriado que o executivo descarte o uso da pesquisa operacional somente porque a informação factual não é perfeita.
Ás vezes, os executivos recuam e desistem da pesquisa operacional porque sentem que o pessoal da empresa não é sofisticado o bastante para usar técnicas matemáticas.
Este receio pode ser bem fundamentado, mas pode também estar baseado numa compreensão limitada ou até errônea do grau de sofisticação que é realmente necessário.
E, muito freqüentemente, administradores veteranos subestimam a capacidade do seu pessoal mais experiente de aprender e aplicar pesquisa operacional.
Muitas aplicações bem sucedidas já foram feitas por pessoal treinado em contabilidade, engenharia, economia e administração e que estava afastado da escola há anos. Seu conhecimento de primeira mão da empresa mais do que compensa sua falta de familiaridade inicial com os detalhes técnicos da pesquisa operacional. Além disto, a ampla disponibilidade de programas de computador "enlatados" e fáceis de usar tornou muito mais fácil à passagem da formulação do modelo e obtenção de dados à solução numérica e à análise de sensibilidade. E finalmente, embora os métodos matemáticos empregados para obter uma solução numérica possam ser avançados, a solução propriamente dita pode ser fácil de interpretar e implementar. (Um bom exemplo de uma aplicação deste tipo é o controle de estoques. Os cálculos de um ponto de reabastecimento e quantidade de reabastecimento podem às vezes ser complicados; não obstante, a política de pedidos resultante pode ser simplesmente da forma "quando
sobrarem só 4, peça mais", e, assim, pode ser facilmente entendida).
Como os administradores podem obter bons resultados com o que eles gastam?
Talvez a responsabilidade mais difícil que um executivo enfrenta ao controlar o
progresso de uma aplicação de pesquisa operacional é conseguir o equilíbrio correto
entre administrar o trabalho como um "projeto de pesquisa" e como uma "missão de
força-tarefa".
Estimar quão lucrativa ou benéfica uma aplicação será numa dada empresa evidencia o aspecto exploratório típico da pesquisa. Por exemplo, muitas companhias conseguem reduzir seu investimento em estoques em pelo menos 25% pela adoção de um controle científico de estoques, mas o nível de redução numa empresa específica só pode ser estimado depois que o projeto de pesquisa operacional já começou e alguns testes foram feitos. Analogamente, a maioria das refinarias de petróleo de porte médio consegue reduzir seus custos de 2.000 dólares por dia quando usam um modelo de programação linear para fazer um programa de operação semanal, mas uma estimativa da economia conseguida numa refinaria específica só pode ser feita depois que um modelo preliminar tenha sido construído e rodado tentativamente. Portanto, um executivo deveria encarar as fases inicias de um trabalho de pesquisa operacional como exploratórias.
No entanto, é errado o executivo encarar o projeto inteiro como pesquisa. As empresas que obtêm os melhores resultados na implementação de pesquisa operacional planejam cada projeto desde o começo como um esforço para melhorar os procedimentos correntes. Os gerentes de linha envolvidos compartilham um senso de urgência para concluir o esforço e permanecem vigilantes para conservar o estudo prático e pertinente aos problemas de decisão reais.
As técnicas usuais de controle administrativo incluem formular metas, atribuir responsabilidades por tarefas, desenvolver e atualizar um cronograma de execução das várias tarefas e planejar revisões gerenciais. É da natureza de pesquisa operacional incorrer em atrasos e encontrar dificuldades. Portanto, espere que o inesperado aconteça. A inevitabilidade destas contingências é a razão por que um projeto de pesquisa operacional precisa de cuidadoso controle gerencial.
A maioria dos trabalhos de pesquisa operacional exige dois a três homens-anos de dedicação e duram de três a nove meses. E claro que, se o projeto for importante e complicado, estes números serão superados. Os benefícios econômicos de uma aplicação bem concebida e controlada deveriam compensar de longe a despesa de desenvolver e operar o sistema.

22.3 COMO GERIR COM SUCESSO UM PROJETO DE PESQUISA OPERACIONAL

Esta seção descreve os ingredientes de uma aplicação bem sucedida de pesquisa operacional e detalha os vários fatores já citados acima, o contexto agora é a gestão de um projeto escolhido.

Orientação e participação da administração. Tanto a alta direção como a gerência operacional devem reconhecer seus respectivos papéis na evolução de um projeto.
Como uma aplicação de pesquisa operacional tipicamente envolve vários departamentos, o projeto deve ter o apoio sincero da alta direção e os necessários acessos às atividades de linha. Além disto, a alta direção deve zelar para que os melhores interesses da empresa tenham a primazia e que o estudo não se desvie para servir aos interesses de grupos individuais em detrimento da empresa.
A gerência de linha deve participar ativamente na formulação de metas, na administração e na avaliação do projeto. É tão difícil quanto insensato impor um sistema de pesquisa operacional a uma gerência de linha que não participou do projeto do sistema. Quem quer que tenha um mínimo de experiência sabe que o melhor dos planos pode ser tão habilmente sabotado por um grupo pouco disposto que o executor fica parecendo um tolo. Mas há mais do que meros conflitos de personalidade. Quando a gerência de linha não foi ativamente engajada no estudo, há uma grande probabilidade de que os métodos propostos do sistema não serão suficientemente abrangentes e flexíveis para lidar com os inevitáveis apuros. Desta forma, se a gerência de linha não participou da avaliação (e, em conseqüência, tem pouca confiança no valor do trabalho),
advirão problemas, mesmo com o mais insistente estímulo da alta administração.

Planejamento e controle do projeto. A necessidade de acompanhar o progresso de um projeto já foi salientada. Enfatizaremos agora vários fatores neste processo que são críticos para o sucesso.
A equipe do projeto deve perceber logo de início em que pontos será necessário utilizar o critério dos administradores. Devem ser feitos planos específicos para conseguir esta consulta, e estas providências podem, por sua vez, exigir algum esforço didático preparatório. São as pessoas que tomam decisões gerenciais, não os computadores.
A fase técnica deve ser executada cuidadosamente, porque, se for mal feita, o resultado será desastroso. A equipe deve reconhecer, no entanto, que o lado matemático do estudo representa somente uma pequena parte do esforço total de desenvolvimento e implementação.
Os requisitos dados devem ser averiguados o quanto antes e a coleta de informações caracterizada com suficiente antecedência, para evitar longos atrasos no projeto, Freqüentemente esta fase é mal executada num estudo de pesquisa operacional, mesmo quando o projeto é conduzido por um profissional experimentado.
Os gerentes e o pessoal de linha devem ser alertados de quaisquer dificuldades de transição que possam ocorrer no teste e instalação de um novo sistema. Por exemplo, quando se implementam regras científicas de reabastecimento de estoques, o investimento total em estoques geralmente aumenta nos primeiros meses. (Você imagina por quê?). A alta administração provavelmente expressará consternação, a menos que seja adequadamente prevenida.
A equipe deve ter cuidado de documentar os componentes e pressupostos do modelo e de documentar os dados de entrada e suas fontes. Num estudo de larga escala, é fácil esquecer suposições feitas vários meses atrás. Além disto, à medida que resultados de teste e novos dados são examinados, o modelo é inevitavelmente alterado. Portanto, é essencial que a equipe catalogue sistematicamente cada revisão.

Credibilidade. A credibilidade é como a gravidez: ou existe ou não. Não há meio termo. De fato, ou um executivo acredita que o modelo de pesquisa operacional é uma representação válida do problema, ou então ele põe de lado os resultados, considerando-os sem valor. Os parágrafos a seguir discutem como desenvolver um modelo que conquiste legitimamente a confiança dos administradores.
A equipe do projeto deve perceber logo de início que os benefícios econômicos de uma aplicação de pesquisa operacional nunca se demonstram espontaneamente. E, para tornar as coisas mais difíceis, uma comparação confiável "antes e depois" é sempre extremamente difícil de fazer. Isto ocorre por duas razões.
Em primeiro lugar, podem não existir dados suficientes sobre as operações no passado, pelo menos numa forma conveniente para tabulação e análise com precisão aceitável. Por Isso, no entusiasmo de projetar e implementar uma nova abordagem, a equipe de pesquisa operacional não deve desprezar o trabalho de instalar um sistema de coleta de dados para refletir o verdadeiro impacto econômico de uma mudança. E, quando os dados sobre o passado são insuficientes, a equipe deve começar a coletar dados correntes muito antes de instalar os novos procedimentos. A equipe também deve reconhecer a necessidade de planejar um experimento controlador que enfoque os efeitos a serem avaliados. A menos que a equipe tome antes estes cuidados, ela mesma não conseguirá provar, através de fatos, que houve uma melhoria.
Em segundo lugar, somente em circunstancias excepcionais uma equipe consegue fazer uma comparação paralela completa entre dois sistemas que operam com diferentes conjuntos de procedimentos. Não há garantia de que uma abordagem que parece atraente em termos das operações do ano passado continue a ser atraente durante as atividades deste ano (ou vice-versa). Além disto, como há decisões gerenciais tomadas num dado momento podem ter um efeito especifico nas condições da empresa mais tarde, pode ser inútil tentar mostrar com grande precisão como um sistema opera num longo período se não for o sistema real.
Desta forma, é difícil demonstrar precisamente qual teria sido o desempenho de uma abordagem de pesquisa operacional caso tivesse sido adotada, ou que melhoria uma aplicação de pesquisa operacional está proporcionando se comparada como que o sistema anterior teria conseguido. Os administradores e os pesquisadores devem convencer-se, de início, de que eles terão limitações para fornecer evidência irrefutável de que, de fato, uma abordagem de pesquisa operacional traz melhorias. Mas é importante lembrar que as mesmas limitações existem para se medir o impacto de qualquer abordagem alternativa!
As observações acima significam que, de uma forma geral, a credibilidade deve ser estabelecida durante o transcorrer do projeto, e não relegada ao fim. A maioria dos executivos expressam as seguintes dúvidas a respeito de um modelo de pesquisa operacional:
Como posso saber se ele usa os dados certos?. Faz-se suposições realistas? Calcula-se corretamente as conseqüências econômicas e se engloba o enorme número de considerações detalhadas relevantes" ? Se você parar para pensar, de fato desconcerta a imaginação que a essência de um complexo problema de tomada de decisão possa ser transferido para o "cérebro" de um dispositivo eletrônico inanimado. A seguinte analogia pode ajudar a explicar a psicologia de estabelecer credibilidade e sugere algumas formas de aquietar estas dúvidas expressas pelos administradores.
Suponha que lhe dêem uma lista telefônica pela primeira vez e lhe digam que aquele livro contém os números de telefone corretos de todas as pessoas da cidade. Num instante você perceberia que esta informação é exagerada. Afinal, instalam-se e desligam-se telefones diariamente e, portanto, a lista telefônica é apenas uma representação aproximada de todos os números de telefone da cidade. (Neste sentido, é um "modelo".) O que ocasionalmente lhe interessa é que se aquela aproximação é digna de ser usada. Como você descobriria isto?
Provavelmente, você começaria procurando um número de telefone que você já sabe (talvez o seu). Se você verificar que o número listado está correto, você poderia, então, escolher uma pessoa cujo número de telefone você não conhece, consultar a lista e fazer uma chamada para ver se a lista de fato traz o número correto. Depois de vários outros testes deste tipo, supondo que eles fossem todos bem sucedidos, você poderia estar disposto a começar a usar a lista. E, provavelmente, você continuaria a usá-la até que observasse um aumento na freqüência dos números errados. Você então reclamaria com a companhia telefônica ou então voltaria a confiar somente na telefonista de informações.
Considere agora os objetivos da companhia telefônica. Ela deseja fornecer um modelo ou sistema que lhe dê os números certos. Há muitos sistemas (ou modelos) possíveis para fornecer este serviço. A companhia telefônica descobriu que a solução mais econômica é publicar uma lista de todos os números e distribuir esse volume a você e a todos os outros assinantes. A companhia sabe perfeitamente que você usará apenas uma fração minúscula de todos os números; mesmo assim, você julgará o mérito do sistema pela validade desta pequena fração.
A analogia acima é relevante para o projeto de um sistema de pesquisa operacional em ambos sentidos. Os executivos começam a testar a validade de um modelo de pesquisa operacional fazendo perguntas sobre os dados e conclusões; eles sabem as respostas certas para algumas das perguntas e têm alguma intuição quanto a outras. A confiança deles aumenta se as respostas forem simples, abrangentes e corretas. Eles começarão a confiar no modelo até que sua confiança seja abalada por erros óbvios.
A equipe do projeto de pesquisa operacional deve tentar prever que perguntas os administradores poderão fazer e que dados fornecerão as respostas. Esta tarefa é facilitada pela discussão dos projetos detalhados dos relatórios de dados e resumos numéricos com os executivos envolvidos. A análise computadorizada deve incluir não somente resumos semelhantes aos relatórios de informações gerenciais comuns, como também análises detalhadas de fundamentação que mostrem claramente os "comos" e "porquês" dos números do resumo. Esta informação será examinada raramente, mas estará ali para qualquer eventualidade.
A analogia da lista telefônica não deve ser levada a extremos, porque não é prático e é impossível fornecer qualquer número que um executivo possa pedir. Mas os pesquisadores operacionais novatos invariavelmente cometem o erro de fornecer pouquíssima informação, documentação e análise de fundamentação. Em conseqüência, eles freqüentemente se colocam numa situação que é embaraçosa para eles e incômoda para o administrador, que é a de "voltar à prancheta" para obter a informação que os executivos desejam para poder compreender os resultados do modelo.
A discussão acima acentua os requisitos dos produtos de uma análise de pesquisa operacional bem conduzida, E claro que a equipe deve empregar também outros meios de comunicação eficazes. Estes meios são conhecidos por gerentes de projetos profissionais e consistem em manter um diálogo aberto entre executivos - que são os que, em última instância, julgarão o mérito dos resultados - e os membros de equipe.
Repetindo, a orientação e a participação dos administradores é uma condição sine qua non para estabelecer credibilidade.

Implementação sensível e responsável.
Introduzir uma mudança numa organização empresarial, seja a mudança a instalação de um novo computador ou a reformulação de atribuições gerenciais, é em geral uma tarefa difícil. A parte qualquer aversão especial que os funcionários possam ter pela análise de sistemas baseada em computadores, há poucos problemas de implementar mudanças que sejam peculiares a um projeto de pesquisa operacional. Tal como na maioria das mudanças significativas em uma empresa, o apoio da administração é vital, o treinamento adequado do pessoal de linha é necessário, um plano cuidadosamente elaborado para introduzir a mudança é essencial, e o processo de implementação deve ser controlado e acompanhado para detectar e corrigir dificuldades que possam surgir. Infelizmente não há substituto para a experiência no conhecimento de como implementar a mudança competente.
Há um problema que merece discussão adicional. Trata-se de uma dificuldade que lembra a enfrentada na mecanização de fábricas há muitos anos. Certas aplicações de pesquisa operacional, especialmente aquelas que envolvem operações diárias, podem mudar drasticamente a natureza do trabalho de um decisor. Por exemplo, ao desenvolver um modelo computadorizado de programação para processar os pedidos de uma fábrica, ou traçar as rotas de navios entre portos, ou comprar materiais de fornecedores, podemos estar transformando um trabalho que exige longa familiaridade com o problema de decisão em um trabalho de alimentar rotineiramente um computador com dados brutos. Um estudo de pesquisa operacional pode eliminar a graça, o desafio, o uso de critérios pessoais, o senso de contribuição e a mística de um trabalho. Raramente a alta direção está disposta a abrir mão dos benefícios econômicos resultantes por estas razões. Mas a equipe do projeto tem que estar preparada para a reação provável dos indivíduos que serão assim afetados. A equipe deve reconhecer que o processo de implementação despertará hostilidade; portanto, ela deve estabelecer procedimentos de pós-implementação para controlar uma situação que poderia facilmente deteriorar por causa de um ambiente hostil.

Projeto do sistema. Se a aplicação tiver de ser usada de novo depois do teste e análise iniciais, então o sucesso definitivo do projeto depende da viabilidade do modelo a longo prazo. Nos primeiros anos da aplicação comercial da pesquisa operacional, muitas empresas conseguiram sucesso notório durante certo tempo; mais tarde, descobriram que seus esforços tinham sido dissipados com a mudança da situação econômica e a promoção ou saída do pessoal de pesquisa operacional- Hoje, as empresas experientes percebem a necessidade de construir um sistema de apoio para manter e atualizar uma aplicação continuada de pesquisa operacional.
Este ponto não mereceria menção especial se não fosse por um fenômeno comumente observado e que a maioria dos executivos acha paradoxal. O pesquisador operacional típico, embora sendo um perito na construção de modelos e na análise de problemas complexos, em geral não tem preparo e freqüentemente não tem interesse por essas exigências de sistemas. Por isso, as empresas experientes incluem pessoal de sistemas na equipe de um projeto de pesquisa operacional. para que eles desenvolvam procedimentos para manter o modelo funcionando bem.

22.4 COMO GERENCIAR O PESSOAL DE PESQUISA OPERACIONAL

Mantendo o espírito deste capítulo, esta seção ressalta somente algumas questões que têm a ver diretamente com o impacto da atividade de pesquisa operacional nos lucros da empresa, localização e tamanho. A colocação adequada de um grupo de pesquisa operacional na organização de uma grande empresa não e mais um assunto que suscite muito debate entre profissionais. Não surgiu nenhuma tendência padronizada, quer dentro de um mesmo setor industrial, e este pessoal técnico tem trabalhado com sucesso sob a liderança de controllers, diretores de planejamento, diretores industriais, assim como de chefes de departamento de pesquisa e desenvolvimento. Hoje em dia, a decisão de colocação é dominada por considerações de ordem prática. E as empresas organizadas com divisões, que operam dentro de uma política de descentralização, freqüentemente têm atividades de pesquisa operacional tanto no nível central como no das divisões.
O tamanho de um grupo de pesquisa operacional é um indicador não-confiável da sua produtividade; uma pequena equipe de seis profissionais talentosos pode ter um impacto nos lucros muito maior do que um grupo de 20 que tenha somente dois ou três cientistas de primeira ordem. Em pesquisa operacional, a quantidade é um substituto muito ruim da qualidade.

Responsabilidades empresariais. A alta direção espera que a pessoa de pesquisa operacional exerça um alto grau de integridade intelectual. Isto significa não só que o grupo deve atingir padrões profissionais exigentes, como também que o grupo deve buscar conclusões fiéis à realidade e deve abster-se de sectarismo organizacional.
O gerente do grupo de pesquisa operacional deve ter o cuidado de não comprometer seu pessoal com mais serviço do que ele pode fazer. Com a intenção de agradar, muitos grupos empreendem mais projetos do que podem realizar num período de tempo razoável. Em conseqüência, todos os usuários ficam insatisfeitos. Um grupo de pesquisa operacional deve ter um meio sistemático de decidir que projetos aceitar e como distribuir seus próprios recursos profissionais para melhor servir às necessidades da empresa como um todo.

Cooperação com usuários. As seções precedentes enfatizaram a importância de trabalhar com gerentes de linha na condução de projetos de pesquisa operacional. Aqui, este assunto é tratado do ponto de vista do pessoal de pesquisa operacional.
O grupo deveria sempre ter em mente a forma pela qual um modelo de pesquisa operacional costuma ajudar os administradores. Na maioria das aplicações, o esforço de construção do modelo fornece compreensão das implicações quantitativas de dados e suposições específicas. No fim, são os executivos que tomam as decisões e tornam-se responsáveis pelos resultados. Portanto, estes executivos devem avaliar a plausibilidade relativa das várias suposições e pesar os riscos associados com diferentes cursos de ação. Um pesquisador operacional deverá evitar cair na armadilha de acreditar que o modelo é a realidade.
Quando o pessoal de pesquisa operacional está procurando estabelecer sua reputação na empresa como um todo, o grupo estará trabalhando em condições de cooperação menos do que ideais com os usuários. O setor da empresa que solicitou o projeto pode ficar satisfeito em vê-lo terminar com sucesso, e pode até pagar pela sua execução.
Entretanto, o setor usuário pode não fornecer prontamente outros tipos de ajuda necessários, os quais freqüentemente incluem coleta de dados e cuidadosa revisão dos resultados intermediários pelos executivos; em conseqüência, o projeto pode atolar-se na espera de assistência essencial da organização de linha. Mas, quando o pessoal de pesquisa operacional estiver progredindo ao ponto em que puder escolher dentre vários projetos compensadores, então um critério de escolha dos mais importantes deve ser à disposição do setor usuário de preservar tempo de seu próprio pessoal para gastar com a equipe do projeto. Um bom índice do interesse e do engajamento dos usuários e até que ponto eles estão dispostos a dedicar tempo do seu pessoal para ajudar numa dada aplicação de pesquisa operacional.

sábado, 10 de outubro de 2009

VOCÊ SABIA?

A grande maioria dos executivos de logística é formada em Engenharia ou Administração. Cerca de 20% tem experiência profissional internacional, principalmente nos Estados Unidos e Argentina.
Fonte: Pesquisa Equipe Instituto ILOS - 2006

Europa de olho no Brasil

Por Milton Lourenço
25/09/2009

Quem participou da última Intermodal South America 2009, realizada em abril, em São Paulo, pôde constatar que, se a crise econômico-financeira mundial afetou muitos mercados, o Brasil não está incluído entre as economias mais atingidas. Pelo menos é o que indica a forte presença de representantes de portos da União Europeia naquela feira, todos de olho no potencial de um país que, embora seja responsável por apenas 1% do mercado global, dispõe de grande capacidade de produção de insumos que podem vir a ser industrializados pelos europeus. Sem contar que, com um mercado de 200 milhões de habitantes – embora uma parte significativa ainda esteja excluída do mercado de consumo –, pode absorver mercadorias de alto valor agregado produzidas no âmbito da UE.Ao contrário da UE, os EUA só estiveram representados na Intermodal por Houston – o que, pensando bem, não é pouco porque este porto está ligado a 80% do território norte-americano –, ao passo que África, Ásia e Oceania nem enviaram representações, apesar de todos os esforços do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior (MDIC), nos últimos anos, para diversificar mercados, especialmente em direção ao continente africano. Já os portos europeus estiveram presentes com estandes, procurando se mostrar cada qual ao exportador brasileiro como a principal porta de entrada na Europa, uma área comum de aproximadamente 500 milhões de habitantes, todos incluídos no mercado de consumo. Entre os muitos terminais europeus presentes, estiveram disputando cargas brasileiras portos da Holanda, França, Alemanha, Bélgica, Espanha e Portugal, que procuram atuar como hub ports, ou seja, centros de distribuição de mercadorias para todo o continente.Por outro lado, os terminais portuários brasileiros também deram uma demonstração de que não apostam numa crise muito duradoura, pois todos fizeram questão de mostrar que continuam a investir em infra-estrutura, certos de que, quando o momento de retração passar, vai faturar quem estiver mais bem preparado e pronto para a retomada da economia mundial.O Porto de Santos, por exemplo, ao contrário do que previsões mais pessimistas indicavam, movimentou 18,9 milhões de toneladas durante o primeiro quadrimestre do ano, o que representou um crescimento de 4,89% em relação ao mesmo período de 2008, segundo dados do MDIC. Essa evolução deu-se principalmente em razão do incremento das exportações que registraram um crescimento de 21,58% em comparação com o mesmo período do ano passado, resultado de 14,78 milhões de toneladas embarcadas contra 12,16 milhões em 2008.Os reflexos da crise se fizeram sentir mesmo nas importações que registraram uma queda de 25,46%. No quadrimestre, entraram pelo Porto de Santos apenas 4,98 milhões de toneladas de cargas, enquanto no ano passado, no mesmo período, foram importadas 6,68 milhões de toneladas. Por isso, a corrente de comércio registrou um decréscimo de 15,95% no período, ou seja, US$ 22,12 bilhões contra US$ 26,32 bilhões, o que significa uma diferença de US$ 4,2 bilhões.Os dados mostram ainda que houve uma redução no valor agregado das mercadorias movimentadas pelo complexo portuário santista, o que deixa claro que o País passou a ser visto mais como fornecedor de matéria-prima. De olho nos insumos brasileiros, os europeus começam a mostrar interesse também pelo aperfeiçoamento de nossos portos, o que significa que a participação internacional pode acelerar de vez o reaparelhamento portuário. Já houve licitação de três portos, com investimentos internacionais em consórcio com empresas nacionais, de acordo com a nova legislação brasileira.Esse despertar do interesse europeu – especialmente de holandeses e franceses – pelo Brasil é muito bem-vindo, especialmente se isso se reverter também em investimentos em nossos portos. Um estudo da empresa santista VKS Partex, apresentado durante a Intermodal, mostrou que, se a China continuar a crescer a taxas superiores a 6% ao ano, o Brasil terá de construir 81 berços de atracação, dos quais 37 reservados a contêineres, até 2020. Por essa época, Santos estará com uma movimentação similar à do Porto de Roterdã de hoje. Sem parcerias internacionais, alcançar esse objetivo será muito mais difícil. Por isso, é preciso aproveitar bem o interesse que o Brasil voltou a despertar diante do olhar europeu.

Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Centro de Logística de Exportação (Celex), de São Paulo-SP.
E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br

NOVOS CONCEITOS DE URBANO E RURAL: A UMA NOVA IDÉIA DE RURALIDADE

Moacir da Cruz Rocha * (UNAMA)
Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal Rural da Amazônia, administrador formado pela Universidade da Amazônia, Especialista em Gestão da Informação no Agronegócio (UFJF), Mestre em Economia (UNAMA). E-mail: moaroc@gmail.com

INTRODUÇÃO
As concepções do desenvolvimento rural foram sendo modificadas na medida em que se passou a perceber com maior clareza a complexidade e diversidade da realidade e se evidenciam as restrições e possibilidades do alcance de suas explicações. As sociedades rurais apresentaram mudanças estruturais, devidas em boa parte ao modelo de desenvolvimento global.
Estas mudanças fazem com que tenhamos que rever e analisar o rural de forma diferente e, nesta medida, questionar as concepções tradicionais tanto do urbano quanto do rural.
O desenvolvimento rural é entendido hoje, em um sentido amplo, como
um processo de melhora do nível do bem-estar da população rural e da contribuição que o meio rural faz de forma mais geral ao bem-estar da população em seu conjunto, seja urbana ou rural, com sua base de recursos naturais.[1]
Por sua vez, o meio rural é um conjunto de regiões ou zonas (território) cuja população desenvolve diversas atividades ou se desempenha em distintos sectores, como a agricultura, o artesanato, as indústrias pequenas e médias, o comércio, os serviços, o gado, a pesca, a mineração, a extração de recursos naturais e o turismo, entre outros.
Em tais regiões ou zonas há assentamento que se relacionam entre si e com o exterior, e nos quais interagem uma série de instituições, públicas e privadas.
O rural transcende o agropecuário, e mantém elos fortes de intercâmbio com o urbano, na provisão não só de alimentos mas também de grande bens e serviços, entre os quais vale a pena destacar a oferta e cuidado de recursos naturais, os espaços para o descanso, e os contribuições à manutenção e desenvolvimento da cultura.

A CONTRAPOSIÇÃO URBANO/RURAL: UMA NOVA IDÉIA DE RURALIDADE
A idéia de progresso surgida no século XVIII da economia clássica, associava a passagem do mundo rural ao urbano com o caminho da civilização moderna e o reconhecimento de que a humanidade avança do passado ao futuro melhorando. Em outras palavras, passando do atrasado ao moderno, do rural ao urbano, do agrícola ao industrial.
Esta idéia de progresso baseada no século XIX tem como base revolução industrial. Busca dar ênfase nos setores mais produtivos, ou seja, os industriais, apoiando o crescimento destes setores e deixando descansar ali a absorção do emprego e, portanto, a transformação estrutural.
Isto conduziria a uma diminuição do peso e do emprego agrícola no PIB e no emprego total, como resultado das diferenças da produtividade entre a agricultura e a indústria.
Sob esta concepção de progresso econômico, ocorreria a transformação estrutural do rural para o urbano, do agrícola ao industrial, e por fim do atrasado ao moderno. Segundo esta colocação, o rural se ajusta passivamente e em função de fatores exógenos.
No plano produtivo o comportamento agrícola é residual, e depende das demandas industriais e urbanas. O endógeno no sistema é a urbanização e a industrialização; e o resultado, a modernização tanto em temos técnicos como no sistema de idéias e valores.
Se for concebido o rural como o local, autárquico, fechado, com pautas sócio-econômicas e valores próprios, uma estrutura social a partir da propriedade da terra entendida como a territorialização do agrícola, teria como resultado o fato de que o progresso é a absorção do rural, os ajustes são exógenos e passivos, o agrícola tem um comportamento residual.
Porém, esta velha visão do rural já não pode ser mais sustentada[2]. Não se trata de apagar a suposta linha divisória entre o rural e o urbano, nem de sua equivalência ao atrasado e o moderno.
É necessário visualizar um esquema de desenvolvimento e de mudança da sociedade em um sentido diferente. É mais pertinente tratar de ver a estreita interdependência do mundo rural com o resto da economia e com o meio urbano em particular.
As relações econômicas se estabelecem através de fluxos comerciais de bens agrários e manufaturados, fluxos financeiros e de recursos naturais e humanos. Nas áreas urbanas se decide, através das forças do mercado, a destinação dos recursos do meio rural, tanto os naturais para o ócio e turismo entre outros usos, como os humanos, gerando movimentos migratórios para onde se concentram os empregos.
É por isso que as zonas rurais, ainda as mais recônditas, têm uma forte interdependência com os centros urbanos mais próximos, com as grandes cidades e, hoje, na era da globalização, com negócios urbanos remotos.
Esta situação levou a alguns autores a expor como absurda a existência de uma política setorial para a economia rural uma vez que está integrada nas políticas econômicas gerais.
Esta visão prepondera de maneira especial nos membros da União Européia, onde o impacto da política agrícola tem efeitos diversos, por fatores como a redução de barreiras tarifárias e a intensificação da interdependência internacional[3].
Vários autores europeus expõem a necessidade de um novo enfoque para resolver os problemas que afligem ao meio rural, em especial sua inter-relação com o urbano, destacando seu papel na contribuição ao bem-estar para o conjunto da sociedade e modificando a visão de uma importância secundária no alicerce geral da economia.
Nos países em via de desenvolvimento, como é o caso do Brasil, vem sendo impulsionada também uma revalorização do rural, tratando de superar a dicotomia entre setor agropecuário e rural, e o papel marginal que se atribui ao setor rural no desenvolvimento.
É necessário romper o estreito paradigma econômico no qual foi situado o papel do setor rural, e passá-lo ao contexto da política e as instituições.
Reconhece-se também em vários países que o manejo da velha concepção de o rural como o atrasado e a ênfase colocada nos processos de industrialização, geraram nestes países crises de magnitudes imprevisíveis, com o aumento da pobreza, o desemprego, a geração ou agudização de conflitos por terra, e processos de lutas internas com características de guerra[4].
O ordenamento do território, a integração nacional, o restabelecimento de condições de convivência no campo, o fortalecimento da democracia participativa, o capital social e político, devem ser o fundamento de uma estratégia humana de desenvolvimento que tome como eixo o setor rural.
Só assim o desenvolvimento rural poderá melhorar o nível de bem-estar da população rural e contribuir ao bem estar da população em geral, seja esta urbana ou rural.
O meio rural experimentou mudanças muito importantes nos últimos quarenta anos, nos distintos continentes e com efeitos muito diversos por região e por país. Mas pode-se falar em termos gerais de três grandes mudanças[5]:
a) Demográficas: como resultado do êxodo maciço nos anos sessenta e é setenta, tanto na Europa como na América, e o fenômeno da “contra-urba-nização” em alguns países europeus nos anos setenta.
b) Econômicos: que se originam pela queda da agricultura e, em alguns países, pela nova visão que o mundo urbano tem do meio rural, dando lugar a uma maior diversificação.
c) Institucionais: devido à descentralização política que pretende dar poder ao local e o regional, obviamente com desenvolvimentos desiguais nos diferentes países.
Como principais causa destas mudanças pode-se destacar, entre outras, a queda da agricultura e a intensa urbanização. Em relação ao primeiro fator, é indubitável que em vastas regiões do mundo, o rural apresentou uma diminuição drástica tanto na população empregada como na participação no PIB nacional.
Tudo isso devido ao modelo de industrialização que conduziu à aceleração dos processos de urbanização e o desenvolvimento tecnológico, poupador de mão de obra mediante capital mecânico e poupador de terra mediante o uso de capital químico e biológico.
As aglomerações econômicas que caracterizam ao modelo de industrialização dos países comunitários europeus nas primeiras décadas do desenvolvimento geraram uma intensa urbanização e um despovoamento maciço de grandes áreas rurais.
Este modelo foi seguido em países latino-americanos. Como exemplo temos Peru, México, Colômbia e Brasil, onde as capitais concentram boa parte da população.
Atualmente, estão sendo desenvolvidas estratégias que modifiquem este processo. Porém, na Europa o setor rural segue perdendo população devido a fatores como esgotamento dos solos, mudanças nas políticas agrícolas, concentração urbana de atividades econômicas, possibilidades de coletividade e acesso a serviços, etc.[6].
As regiões periféricas e montanhosas seguem conservando parte da população rural, mas são as que têm menor potencialidade econômica pelo grau de afastamento e a disseminação da população.
O mundo rural se encontra diante de uma difícil conjunção de problemas que se manifestam na perplexidade com que confrontam o futuro os agentes sociais que participação de sua gestão.

NOVA CONCEPÇÃO DO RURAL
Como foi dito, a nova visão do rural não vai do atrasado ao moderno, do rural ao urbano, do agrícola ao industrial.
Há uma grande quantidade de características que mostram a multi-direcionalidade do processo, sobre as quais há múltiplos evidências, em diferentes países, com distintos graus de desenvolvimento[7].
Vale a pena destacar a perda relativa da significação econômica e social dos setores primário e secundário, e a evidente terciarização do rural. Esta evidência é mais clara na Europa pela complexidade das atividades agrícolas e as tendências à concentração e a especialização. Na América Latina, essa tendência aumenta, e, sobretudo é uma meta posta pelo novo modelo de desenvolvimento.
É claro então que o rural já não é equivalente ao agrícola, e ao mesmo tempo que a chamada terceira revolução agrícola implica que o agrícola não seja exclusivamente a produção primária.
Tudo isto conduz a uma modificação da atividade produtiva, em especial do ponto de vista das exigências da população empregada.
A agricultura compreenderá uma ampla série de usos da terra, que vai desde produções agrícolas de uso não alimentar até a manutenção do meio ambiente.
Por outro lado se acentua a especialização territorial em função da existência de vantagens competitivas, e se acrescenta a dependência da atividade agrícola das empresas industriais e de distribuição.
Outro fator importante é que as comunidades rurais, como se entendiam antes, estão sendo escavadas e debilitadas em suas solidariedades coletivas. Tudo isso devido a fatores de desintegração territorial e de desintegração social.
Fenômenos como os deslocamentos forçados por problemas de violência ou fenômenos naturais, em vários países latino-americanos, são uma amostra deste fenômeno.
Embora em muitas regiões persistam os conflitos pela falta de eqüidade na distribuição e acesso à terra, também é claro que o novo modelo vai impondo formas diferentes de acesso, conferindo um maior papel ao capital no crescimento agrícola e à incorporação da propriedade financeira ou industrial nas áreas rurais e nas atividades agropecuárias.
Certamente se apresentará, como de fato já está ocorrendo, uma mudança importante nas demandas coletivas do rural, que vão além da tensão pela propriedade. A população reclama agora serviços básicos e mecanismos de participação, por exemplo.
Outro elemento importante é a acentuação dos desequilíbrios territoriais, e uma maior importância política destes desequilíbrios. Isto ocorre de diferentes maneiras no interior de cada país.
Este conjunto de fatos implica a necessidade de recompor ou elaborar uma visão que permita por fim esclarecer que o rural não é exclusivamente o agrícola, nem o atrasado, nem a só expressão da produção primária.
Acolheríamos então a seguinte definição: o meio rural é entendido como
o conjunto de regiões ou zonas com atividades diversas (agricultura, indústrias pequenas e médias, comércio, serviços) e nas quais se assentam povos, aldeias, pequenas cidades e centros regionais, espaços naturais e cultivados.
Além das atividades citadas, estão também o gado, a pesca, a mineração, a extração de recursos naturais e o turismo.
O meio rural é então uma entidade socioeconômica em um espaço geográfico com quatro componentes básicos:
• Um território que funciona como fonte de recursos naturais e matérias primas, receptor de resíduos e suporte de atividades econômicas.
• Uma população que, com base em um certo modelo cultural, pratica atividades muito diversas de produção, consumo e relação social, formando um ripado socioeconômico complexo.
• Um conjunto de assentamentos que se relacionam entre si e com o exterior mediante o intercâmbio de pessoas, mercadorias e informação, através de canais de relação.
• Um conjunto de instituições públicas e privadas que articulam o funcionamento do sistema, operando dentro de um marco jurídico determinado[8].

CONCLUSÕES
As novas demandas sociais põem nas mãos dos habitantes das zonas rurais a possibilidade de conduzir seu futuro por um caminho inédito, mas possível.
Enquanto estas funções constituem a oportunidade para superar a crise e encontrar uma nova posição na distribuição de papéis na sociedade, a provocação se esforça em superar a rejeição de uma grande parte da população rural a abandonar ou modificar suas atividades históricas.
Paralelamente, a população urbana deve entender que tem que modificar suas pautas de consumo aceitando pagar adequadamente certos serviços que lhe fornece o mundo rural.
Para compreender o novo modelo de relações entre o mundo rural e o mundo urbano, é necessário redefinir os papéis de cada um destes âmbitos chegando a formular um novo “contrato social” entre eles.
Mediante este contrato, a sociedade moderna deve reconhecer e assumir a necessária interdependência das áreas rurais e urbanas; definir explicitamente o decisivo papel do mundo rural e dota-lo de instrumentos adequados de desenvolvimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALSADI, O. V. Mudanças no meio rural e desafios para o desenvolvimento sustentável. Revista São Paulo em Perspectiva, v. 15, n.1, p.155-165, 2001.
CAIADO, Aurílio Sérgio Costa; SANTOS, Sarah Maria Monteiro dos. Fim da dicotomia rural-urbano? Um olhar sobre os processos socioespaciais. São Paulo Perspec. , São Paulo, v. 17, n. 3-4, 2003 . Disponível em:
COSTABEBER, J. A.; CAPORAL, F. R. Possibilidades e alternativas do desenvolvimento sustentável. In: Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural Sustentável no Mercosul. Org. Hugo Vela, Santa Maria: UFSM, p.157-194, 2003.
GRAZIANO DA SILVA, J.F. O novo rural brasileiro. Campinas: Unicamp - Instituto de Economia, 1999. (Coleção Pesquisa, 1)
* Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal Rural da Amazônia, administrador formado pela Universidade da Amazônia, Especialista em Gestão da Informação no Agronegócio (UFJF), Mestrando em Economia (UNAMA). E-mail: moacir.rocha@conab.gov.br
¹ FRACAIADO, Aurílio Sérgio Costa; SANTOS, Sarah Maria Monteiro dos. Fim da dicotomia rural-urbano? Um olhar sobre os processos socioespaciais. São Paulo Perspec. , São Paulo, v. 17, n. 3-4, 2003 Disponível em:
[2] GRAZIANO DA SILVA, J.F. O novo rural brasileiro. Campinas: Unicamp - Instituto de Economia, 1999. (Coleção Pesquisa, 1)
[3] BALSADI, O. V. Mudanças no meio rural e desafios para o desenvolvimento sustentável. Revista São
Paulo em Perspectiva, v. 15, n.1, p.155-165, 2001.
[4] COSTABEBER, J. A.; CAPORAL, F. R. Possibilidades e alternativas do desenvolvimento
sustentável. In: Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural Sustentável no Mercosul. Org. Hugo
Vela, Santa Maria: UFSM, p.157-194, 2003.
[5] GRAZIANO DA SILVA, J.F. O novo rural brasileiro. Campinas: Unicamp - Instituto de Economia, 1999. (Coleção Pesquisa, 1)
[6] COSTABEBER, J. A.; CAPORAL, F. R. Possibilidades e alternativas do desenvolvimento
sustentável. In: Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural Sustentável no Mercosul. Org. Hugo
Vela, Santa Maria: UFSM, p.157-194, 2003.
[7] GRAZIANO DA SILVA, J.F. O novo rural brasileiro. Campinas: Unicamp - Instituto de Economia, 1999. (Coleção Pesquisa, 1)
[8] CAIADO, Aurílio Sérgio Costa; SANTOS, Sarah Maria Monteiro dos. Fim da dicotomia rural-urbano? Um olhar sobre os processos socioespaciais. São Paulo Perspec. , São Paulo, v. 17, n. 3-4, 2003 . Disponível em:

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O HOMEM E O MEIO AMBIENTE

Moacir da Cruz Rocha
Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal Rural da Amazônia, administrador formado pela Universidade da Amazônia, Especialista em Gestão da Informação no Agronegócio (UFJF), Mestre em Economia (UNAMA). E-mail: moacir.rocha@conab.gov.br

A preservação e manutenção das condições naturais do meio ambiente se estabelecem como categoria imprescindível para a qualidade de vida das gerações vindouras, bem como para a própria estabilidade neste planeta. A destruição do meio ambiente, através dos impactos constantes, pode tornar inexeqüível a preservação da vida dos seres humanos. Sendo assim, é constitucional que todas as atividades desempenhadas através da ação humana sejam realizadas de forma que possam ser ambientalmente sustentáveis.
Contemporaneamente a questão ambiental, além de ser do interesse dos cientistas e dos ecologistas, também é de interesse da sociedade como um todo. Está se tornando assunto obrigatório nas salas de aula, nas discussões políticas regionais, nacionais e internacionais, nas agendas dos executivos e isto acontece devido a um relacionamento entre o meio ambiente e o desenvolvimento econômico, que modificou o ponto crítico para os negócios.
Sendo assim, o Ministério Público em conjunto com a profissionalização das ONG’s (Organizações Não-Governamentais) contando com uma sociedade mais esclarecida, têm tratado a questão da preservação do meio ambiente com uma singularidade cada vez mais relevante, tanto em administrações e organizações privadas como nas gestões públicas. No entanto, a educação e a conscientização dos indivíduos para a necessidade de práticas que não acarretem danos ao meio ambiente, ainda deixa muito a desejar, precisando de mais ações para se concretizar. Em outras palavras, de acordo com as informações disponibilizadas pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), tem-se plena consciência dos danos decorrentes da má disposição de resíduos produzidos pelo homem.

Isso de dá, porque a maioria das pessoas não se vê como participante do processo de interferência na natureza. Importam-se com o meio ambiente apenas de modo teórico ao ouvir falar de uma ou outra espécie ameaçada, ou de um ecossistema alterado. A falta de relação direta com os processos naturais torna o ser humano ignorante sobre sua dependência, próxima e direta, com o meio ambiente. Deixam de se sentir ligados à terra, aos cursos da água e aos seres vivos, e não sente a necessidade de compreender seus ciclos e inter-relações, como o fazem as comunidades tradicionais que reconhecem sua própria dependência da natureza. E essa falta de participação cotidiana na natureza leva a negociar um trecho de floresta ou de praia como se fossem apenas objetos de comércio.
Este alerta permite refletir sobre a “Carta do Chefe Indígena Seattle” datada de 1854, como sendo a resposta do cacique ao Presidente Americano F. Pierce, que tentava comprar as suas terras. Um grito contra a injustiça dos que pensam ter o direito sobre a terra, excluindo seus semelhantes e outros seres vivos. Um apelo ao humanismo:
"O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro: o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao seu próprio mau cheiro. Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se nós a decidirmos aceitar, imporei uma condição: O homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos. O que é o homem sem os animais? Se os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma lição em tudo. Tudo está ligado.
Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com a vida de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas: que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à Terra, acontecerá também aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Disto nós sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem é que pertence à terra. Disto sabemos: todas as coisas então ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorre com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não teceu o teia da vida: ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizermos ao tecido, fará o homem a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala como ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos (e o homem branco poderá vir a descobrir um dia): Deus é um Só, qualquer que seja o nome que lhe dêem. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem e sua compaixão é igual para o homem branco e para o homem vermelho. A terra lhe é preciosa e feri-la é desprezar o seu Criador. Os homens brancos também passarão; talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
"Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos das florestas densa impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídas por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a água? Desapareceu. É o final da vida e o inicio da sobrevivência.
Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa Idéia nos parece um pouco estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los.
Cada pedaço de terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência do meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho...
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar às suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar para seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem, dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra tudo que necessita. A terra, para ele, não é sua irmã, mas sua inimiga e, quando ele a conquista, extraindo dela o que deseja, prossegue seu caminho. Deixa para tráz os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa... Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei... nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez porque o homem vermelho seja um selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater de asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta de um homem, se não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmuro do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros” (DIAS, 1998).

Nota-se, portanto, que entre homem e natureza há uma relação de íntima dependência, isto é, o homem é fruto do meio do mesmo modo que o meio é fruto do homem. A natureza é, assim, testemunha e alvo de transformações profundas, decorridas nos últimos séculos e, principalmente, no século XX, a partir da Segunda Guerra Mundial.
Se, por um lado, a civilização industrial trouxe avanços tecnológicos inimagináveis a uma pessoa do século anterior, por outro lado trouxe numerosas conseqüências indesejáveis e, além de tudo, perigosas, uma vez que deterioram o meio onde se insere o homem.
Vêm chamando a atenção de diversas parcelas da sociedade, todos os efeitos negativos do desenvolvimento industrial-tecnológico, essas pessoas e instituições estão preocupadas com a destruição dos sistemas naturais e com a deterioração da qualidade de vida das pessoas.
Pesquisadores britânicos, na década de 1970, descobriram um buraco na camada de ozônio sobre a Antártica. Esse buraco é somente um dos efeitos deletérios da atividade humana sobre o ambiente. A água impregnada de fertilizante polui riachos e rios, nuvens sulfurosas liberadas por usinas elétricas a carvão contribuem para a chuva ácida, diariamente, milhões de automóveis emitem centenas de toneladas de gases prejudiciais, em decorrência desses e outros fatores, os cientistas reagiram a essas e outras ameaças.
A partir do final da década de 1980, iniciou-se um movimento fundado no princípio de “desenvolvimento sustentável”. Esse princípio refere-se à garantia da manutenção da qualidade dos recursos naturais para usufruto das gerações vindouras. Tal movimento desenvolveu-se por intermédio da realização de discussões e fóruns por todo o planeta e, chegou a ser reconhecido internacionalmente depois da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92), que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro.
A importância da sustentabilidade foi conceitualizada inicialmente pela Comissão Brundtland (1987) como “a satisfação das necessidades da presente geração sem comprometer a satisfação das necessidades das futuras gerações”. Tal conceito foi ampliado e aperfeiçoado numa nova visão do próprio processo de desenvolvimento: o Desenvolvimento Sustentável.
Desenvolvimento sustentável, conforme denominação de Bezerra (2000), precisa expressar tanto desenvolvimento social quanto econômico constantes, equilibrados, que contenham estruturas de distribuição das riquezas geradas e com disposição de ajustar a fragilidade, a interdependência e as escalas de tempo competentes e características dos recursos naturais.
A conceituação de desenvolvimento sustentável passou a existir envolta em um conjunto de idéias relacionadas ao tema e que apresentam uma constante preocupação com o destino do planeta no que se refere ao modelo de desenvolvimento econômico irresponsável, que provoca graves e freqüentes problemas ambientais. No entendimento de Ribeiro et al. (1996, p. 99) pode-se distinguir:
[...] o conceito de Desenvolvimento Sustentável de sua função alienante e justificadora de desigualdades de outra que se ampara em premissas para a reprodução da vida bastante distintas. Desenvolvimento Sustentável poderia ser, então, o resultado de uma mudança no modo da espécie humana se relacionar com o ambiente, no qual a ética não seria apenas entendida numa lógica instrumental, como desponta no pensamento eco-capitalista, mas sim, embasada em preceitos que ponderassem as temporalidades alteras à própria espécie humana, e, porque não, também as internas à nossa própria espécie.

De uma forma mais crítica as propostas do Desenvolvimento sustentável, Macedo (apud REBELO, 1998, p. 17 e 18) descreve:
A crise paradigmática que envolve a sustentabilidade percorre três décadas sem que se passe da retórica para a prática. O momento atual configura-se como um momento de transição, por isso assistimos um frenesi cultural, com o espocar sistemático de novas filosofias, teorias e ideologias, que conformam, sem dúvida o mais amplo mosaico cultural identificado na história humana (que) possui algumas particularidades interessantes (e) a capacidade de convergência em alguns aspectos que lhes são básicos: a melhoria da qualidade de vida do homem, a conservação do ambiente, a operacionalização do arbítrio e o direito de informação.

Neste desenvolvimento está envolvido tanto a vida do planeta como o conjunto das interações e interdependências compreendidas nos ciclos bio-geo-químicos além dos processos ecológicos aos quais a vida humana representa apenas uma parte.
Quando se trata de assegurar a cidadania ambiental, no entendimento de Maimon (1993), um dos objetivos centrais do desenvolvimento sustentável, não pretende defender que a sociedade humana precise necessariamente parar com o desenvolvimento econômico, isso não se faz necessário para evitar os danos ambientais. É preciso pensar no desenvolvimento econômico, mas de forma que seja ambientalmente sustentável, isto é, não se contraponha à cidadania ambiental.
O desenvolvimento compreende processos de crescimento e de troca relacionados entre si que expressam uma aspiração por uma sociedade melhor. O modelo de crescimento econômico do sistema capitalista gerou grandes desequilíbrios, já que existe muita riqueza e fartura, mas, por outro lado, a miséria, a degradação ambiental e a poluição aumentam diariamente de forma desenfreada. Dessa maneira, surge a idéia do desenvolvimento sustentável, que procura harmonizar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental para conseguir melhor qualidade de vida e condições de sobrevivência por meio do equilíbrio entre tecnologia e ambiente (CALCAGNO apud SONAGLIO, 2002).
Maimon (1993) salienta que a garantia do equilíbrio depende de um desenvolvimento tecnológico orientado para metas de estabilidade em relação ao meio ambiente. Necessita também da incrementação da capacidade de inovação tecnológica de países em desenvolvimento. Sob a ótica do desenvolvimento sustentável o progresso compreende a geração de maior riqueza, benefício social eqüitativo e equilíbrio ecológico.
Branco (1988, p. 86) ainda acrescenta que: “os países realmente desenvolvidos do mundo não sacrificam suas culturas em favor de um desenvolvimentismo que beneficia muito mais os industriais e comerciantes do que a nação”.
De acordo com Sipilâ (apud AGENDA 21, 2008), desenvolvimento sustentável compreende o emprego da capacidade humana de pensar em vez de empregar os limitados recursos naturais sem uma reflexão prévia.
Conforme a IUCN, UNEP e WWF (1991apud AGENDA 21, 2008):

O verdadeiro objetivo do desenvolvimento é melhorar a qualidade de vida humana. Ser um processo que permita aos seres humanos realizarem seu potencial plenamente e levar vidas dignas e satisfatórias. O crescimento econômico é uma parte importante do desenvolvimento, mas não pode ser um objetivo em si mesmo, nem pode continuar indefinidamente. O desenvolvimento só é real se torna nossas vidas melhores.

As pessoas precisam reexaminar seus valores e mudar comportamentos para adotar a ética de viver sustentavelmente. Para isso, a sociedade deve promover valores que apóiem uma nova ética e desencorajar aqueles incompatíveis com um modo de vida sustentável. O desenvolvimento não pode se dar baseado no sacrifício de grupos sociais ou das futuras gerações, visto que a distribuição das riquezas é um valor da sustentabilidade. As classes mais pobres são mais afetadas pelos problemas ambientais e possuem menos condições de solucioná-los. A pobreza direciona as pessoas a comportamentos insustentáveis, enquanto os ricos têm condições de ignorar as conseqüências ambientais de suas ações (AGENDA 21, 2008).
A Agenda 21 (2008), salienta que a sociedade precisa desenvolver valores que apóiem uma nova ética deixando de lado os conflitos com uma forma de vida sustentável. Conseqüentemente, o desenvolvimento sustentável tem por objetivo chegar a um equilíbrio entre tecnologia e ambiente, considerando-se os diversos grupos sociais, bem como os diferentes países na busca da equidade e justiça social.
De acordo com argumentação de Mendes (2008), para alcançar tal objetivo, o desenvolvimento sustentável deve ser compreendido como parte integrante do processo de desenvolvimento e não ser considerado de forma isolada.
O aumento crescente da conscientização da sociedade em benefício da preservação ambiental provoca pressões por parte de entidades não governamentais e de comunidades sobre os governos e empresas para que admitam a responsabilidade sobre os estragos trazidos ao meio ambiente. A partir disso, pretende-se efetuar uma administração voltada à consciência ecológica.
Os grandes investimentos em pesquisas e tecnologias limpas pelas empresas, além do crescente número de leis de proteção ambiental, e da criação de ONG’s conjuntamente com a participação mais ativa da sociedade são um fato mundial. Todavia, todos esses progressos ainda não são suficientes para proteger o planeta e as previsões não são boas.
Nesse contexto, “Poluição, extinção e mau uso dos recursos naturais são, sobretudo sintomas – assim como a febre é um sintoma, e não uma doença – de uma crise maior: a crise de paradigma e de civilização” (BRÜGGER, 1998, p. 63).
O tema é complexo e envolve fatores políticos, econômicos, sociais e até culturais entre todas as nações e por isto a decisão do problema é tão complexa. O Relatório Planeta Vivo 2000, “enfatiza que os recursos da Terra sofreram uma redução de cerca de 33% devido ao chamado Impacto Ecológico. O Impacto revela a área biológica produtiva necessária para suprir a quantidade de alimentos, materiais e energia consumidos por cada país” (DUCHE (2002, p. 41).
Bissio (2000) salienta que falta vontade política, quando se afirma que faltam recursos para investimentos em projetos ambientais. As decisões na área ambiental são inseparáveis às decisões políticas. O meio ambiente é a nascente de todos os recursos naturais que provocam o progresso e amparam a vida na Terra, sendo dessa maneira universal, sem fronteiras, responsáveis por uma sociedade civil global, participativa e informada, que defende bandeiras que não dizem respeito a um país em particular, mas à população mundial, representando em definitivo, todas as pessoas.
Mendes (2008) sustenta que:
O processo da forma como vem sendo feito, tem acabado com o ambiente ou, em outras palavras, destruído o planeta Terra e a Natureza. Um estudioso do assunto disse uma vez que é mais difícil o mundo acabar devido uma guerra nuclear ou uma invasão extraterrestre (ou uma outra catástrofe qualquer) do que pela destruição que nós, humanos, estamos provocando em nosso planeta.

A maior parte dos indivíduos, no entendimento de Leroy et al (1997 apud REBELO, 1998), concorda que o atual estilo de exploração do meio natural se encontra esgotado e é definidamente insustentável, não somente sob o ponto de vista econômico e ambiental, mas, por outro lado, no que tange à justiça social, poucas medidas indispensáveis para transformar as instituições econômicas, sociais e políticas, as quais deram sustento ao estilo na atualidade, são adotadas. O máximo que se tem feito é utilizar a noção de sustentabilidade para introduzir o que equivale a uma restrição ambiental no processo de acumulação capitalista, sem enfrentar, os processos institucionais e políticos que regulam a propriedade, o controle, o acesso e o uso dos recursos naturais.
O desenvolvimento sustentável implica no surgimento de uma consciência ecológica criada a partir de um modelo de educação, sendo a chave para a inversão dos valores da sociedade, em direção a uma nova ordem econômica que compreende, com o mesmo grau de importância, o ambiente e o futuro.
Novaes (2002, p. 12-13), afirma que a consciência:
[...] não se traduz em ação, principalmente, em ação política. A sociedade ainda não achou canais para expressar sua consciência e desejos. Nas últimas eleições presidenciais, meio ambiente nem foi tema. Ora, não há nada mais importante do que a crise ambiental e nem mais grave do que a crise urbana, e sem discuti-las adequadamente não se chegará a lugar algum.

O aumento da conscientização da sociedade em benefício da preservação ambiental causa pressões por parte de entidades não governamentais e de comunidades sobre os governos e as empresas para que estas admitam a responsabilidade sobre os estragos que trazem ao meio ambiente. Com isso, efetua-se uma administração voltada à consciência ecológica.
O maior número de leis de proteção ambiental, os grandes investimentos em pesquisas e tecnologias pelas empresas, a criação de ONG’s e a participação cada vez mais ativa da sociedade são um fato mundial, entretanto todos esses progressos não são suficientes para proteger o planeta.
Brügger (1998, p. 63) acrescenta que: “Poluição, extinção e mau uso dos recursos naturais são, sobretudo sintomas – assim como a febre é um sintoma, e não uma doença – de uma crise maior: a crise de paradigma e de civilização”.
Realizada no ano 1977 na Geórgia (URSS), a Conferência de Tbilisi, já era demonstrado os objetivos, princípios, estratégias e recomendações para o desenvolvimento da educação ambiental a nível mundial. As orientações dessa Conferência referentes a educação constituem-se como um marco de referência, estabelecendo um processo irreversível de conscientização mundial, da importância da educação ambiental como elo entre as várias áreas do conhecimento (IBAMA 1998).
Na conferência da ONU sobre o Meio Ambiente, ocorrida em Estocolmo, na Suécia, em 1972, destacou a necessidade de implantar a Educação Ambiental levando a informação relacionada às questões ambientais aos cidadãos e estimulando-os na busca de soluções. Essa conferência estabeleceu um Plano de Ação Mundial que objetivava orientar a humanidade no sentido de preservar e melhorar o ambiente humano.
Também nessa conferência foram estabelecidos os princípios orientadores da Educação Ambiental que, de acordo com Santos Neto (1997), podem ser assim resumidos: a educação ambiental deve levar em consideração o meio natural e artificial em sua totalidade; deve se constituir como um processo contínuo tanto na escola como fora dela; necessita ter um enfoque interdisciplinar; incentivando a participação ativa na prevenção e solução dos problemas ambientais; analisar as questões ambientais desde um ponto de vista mundial, considerando as diferenças regionais; deve centrar-se em questões ambientais atuais e futuras; necessita atender o desenvolvimento e crescimento numa perspectiva ambiental; promovendo o valor e a necessidade da cooperação local regional e internacional na resolução dos problemas ambientais.
Estes primeiros passos conduziram à promoção pela ONU, por intermédio da UNESCO, do Encontro de Belgrado, efetuado na Iugoslávia em 1975, no qual formularam-se os fundamentos básicos da Educação Ambiental (SANTOS NETO, 1997). Tais fundamentos foram reafirmados na Conferência de Tbilisi.
A política educacional direcionada para a Educação Ambiental, no Brasil, absorveu princípios da Conferência de Tbilisi. A Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) tem como principais documentos de referência para o desenvolvimento de suas ações voltadas para a educação ambiental a Carta de Belgrado (1975), o Capítulo VI da Constituição Federal de 1988, o Capítulo 36 da Agenda 21 (1992), o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (1992) e a I Conferência Nacional de Educação Ambiental - Brasília (1997) (BRASIL, 2004).
O instrumento legal que dispõe sobre a Educação Ambiental no Brasil é a Lei 9.795, de 27 de abril de 1999. Tal lei reconheceu a educação ambiental como componente essencial, urgente e permanente no processo educativo, seja ele formal ou não, conforme orientação dos artigos 205[1] e 225[2] da Constituição Federal. A PNEA, com base na Lei 9.795/99, contribui para a formação de um Estado economicamente viável, ecologicamente correto e socialmente justo baseado na abordagem do desenvolvimento sustentável, no intuito de ampliar a abrangência da Educação Ambiental para todos os níveis e modalidades de ensino.
A educação ambiental pode ser conceituada como:
[...] um processo de aprendizagem longo e contínuo que deve procurar clarear conceitos e estimular valores éticos, desenvolvendo assim, atitudes racionais, responsáveis e solidárias entre os homens, criando condições para que possam agir de modo consciente e responsável sobre o meio ambiente, compreendendo a complexidade da temática ambiental, e sua interrelação com os fatos políticos, econômicos e sociais (GONÇALVES 1990, apud SANTOS NETO, 1997, p. 30).

Para Guimarães (1995), a educação ambiental conceitua-se como de modo eminente interdisciplinar, direcionada para a solução de problemas locais. De tal modo, ela exerce uma função essencial, estimula a integração homem-natureza e possibilita, por meio de sua prática, a inserção do educando e do educador enquanto cidadãos participantes do processo de transformação do atual quadro ambiental mundial.
O debate precisa tratar da educação ambiental e conservacionista. A segunda trata da utilização racional dos recursos naturais, o manejo produtivo de ecossistemas e outros fins. Já a educação ambiental precisa ser uma educação política, voltada para uma modificação de valores.
Não obstante, na educação ambiental é necessário atender aos valores éticos, ou seja, respeitar os valores que amparam a cultura humana local. As orientações da Conferência de Tbilisi determinam que, ao se tratar das questões ambientais, é preciso considerar os aspectos culturais, sociais, políticos e éticos. Dessa maneira, de acordo com argumentos de Grün (1996), é fundamental realizar uma abordagem hermenêutica para a dimensão ética e política da educação ambiental.
Conforme essa perspectiva, finaliza-se este texto com uma afirmação de Grün (1996), que no seu entendimento a concepção de educação ambiental precisa ultrapassar o limiar epistemológico, causando uma abordagem ambiental por meio de uma tematização das áreas do conhecimento em uma perspectiva ético-histórica que se estenda para além do currículo. Isso se deve ao fato de que tudo o que é transmitido nas escolas influencia a maneira como os educandos compreendem as relações entre cultura e o meio ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS
AGENDA 21. Desenvolvimento sustentável. Disponível em: Acesso em: 2 jan. 2008.
BEZERRA, Maria do Carmo de Lima et al. Gestão dos recursos naturais: subsídios à elaboração da Agenda 21 brasileira. Brasília: Ministério do Meio Ambiente; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos recursos Naturais Renováveis: FUNATURA, 2000.
BISSIO, Beatriz. Para onde caminha a humanidade. Ecologia & Desenvolvimento. n. 78, ano 9, 2000.
BRANCO, S. M. O meio ambiente em debate. 8 ed. São Paulo: Moderna, 1988.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde Ambiental e Gestão de Resíduos de Serviços de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.
BRÜGGER, Paula. Visões estreitas na educação ambiental. Ciência hoje. v. 24, no 141, ago. de 1998.
Carta do Chefe Indígena Seattle. In: DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1998.
DANIELS, Patrícia S. Atlas da história do mundo, São Paulo: Abril; National Geographic Brasil, 2005.
DUCHE, Tetê. Desenvolvimento sustentável: planeta agonizante. Ecologia & Desenvolvimento. Ano 10, no 86, p.40 – 41, 2002.
GRÜN, Mauro. Ética e Educação Ambiental: a conexão necessária. Campinas: Papirus, 1996 (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
GUIMARÃES, M. A. A dimensão ambiental na educação. São Paulo: Papirus, 1995.
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio ambiente e dos Recursos Naturais renováveis. Educação Ambiental: as grandes orientações da Conferência de Tbilisi. Brasília: IBAMA, 1998.
MAIMON, D. A economia e a problemática ambiental. In, VIEIRA, P. F. MAILMON, D.(Org.) As ciências sociais e a questão ambiental: rumo à interdisciplinaridade. Rio de Janeiro: APED, 1993.
MENDES, Marina Ceccato. Material de Apoio – Textos: desenvolvimento sustentável. Disponível em: Acesso em: 2 jan. 2008.
MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2005.
NOVAES, Washington. A questão ambiental deve estar no centro de tudo. Ecologia e Desenvolvimento. Ano 12, no 100, p. 12 - 14, 2002.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Comissão Mundial sobre o Desenvolvimento. Nosso futuro comum. Relatório Brundtland. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, 1998.
REBELO, Silene. Gestão ambiental participativa: a lacuna, a proposta e a implementação. Florianópolis, 1998, 152 f. Dissertação (Mestrado em Geografia), Universidade Federal de Santa Catarina.
RIBEIRO, Wagner Costa et al. Desenvolvimento sustentável: mito ou realidade? Terra Livre. São Paulo, n.11/12, 1996.
SANTOS NETO, Adelino dos. A cartografia como instrumento para educação ambiental e participação comunitária no município de Atalanta (SC). Florianópolis, 1997, 118 f. Dissertação (Mestrado em Geografia), Universidade Federal de Santa Catarina.
SONAGLIO, Kerlei Eniele. Ecoturismo na ilha de Santa Catarina: um estudo para o desenvolvimento sustentável. Florianópolis, 2002, 76 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental). Universidade Federal de Santa Catarina.
[1] Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (MORAES, 2005).
[2] Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
[...]
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; (MORAES, 2005).

Pará poderia liderar produção de álcool e mandioca

Enviada em 24 de fevereiro de 2009

O Estado do Pará, que já é hoje um dos maiores produtores de farinha do país, poderá também se tornar em futuro próximo o maior produtor nacional de álcool combustível que tem como matéria-prima a mandioca. Isso se essa atividade econômica não vier a sofrer restrições da parte do governo, sempre muito lépido quando se trata de criar dificuldades para o desenvolvimento do agronegócio na Amazônia, como já fez emrelação à cana-de-açúcar.
De qualquer forma, o Pará mais uma vez está saindo atrás. A dianteira, desta feita, está com o Tocantins, Estado de pouca ou nenhuma expressão no ranking nacional dos produtores de mandioca. Graças a uma parceria entre a Universidade Federal do Tocantins e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), já foi iniciada a implantação, em Porto Nacional, de um projeto modelo para a produção de biocombustível extraído da mandioca.
A usina funcionará como instrumento de capacitação e de validação de um modelo de negócio para a agricultura familiar naquele Estado e terá capacidade para processar 40 toneladas de mandioca por dia. A produção prevista é de sete mil litros diários e de dois milhões de litros de álcool por ano. O projeto já prevê a expansão da unidade industrial de processamento, com a consequente ampliação das áreas de cultivo.
Atualmente, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Tocantins produz por ano 349.648 toneladas de mandioca, ocupando o 20º lugar no ranking nacional.
De acordo com os mesmos dados do IBGE, da produção nacional de 26.541.200 toneladas de mandioca, o Pará é o maior produtor brasileiro com 5.216.995 toneladas. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) atribui ao Brasil uma produção um pouco maior, de 27.312.946 toneladas, em números relativos a 2007. De acordo com o engenheiro agrônomo Moacir da Cruz Rocha, especialista em gestão da informação do agronegócio, com o emprego de moderna tecnologia é possível produzir hoje 85 litros de álcool com uma tonelada de cana. Já uma tonelada de mandioca, com rendimento de 33% de amido e 2% de açúcares, produz 211 litros de álcool combustível, rendimento quase duas vezes e meia superior ao da cana. Além disso – destaca Moacir Rocha –, já existem variedades de mandioca com 36% de amido, o que proporciona produtividade maior – 230 litros de álcool combustível por tonelada.
Ele chama ainda a atenção para o fato de que, ao contrário da cana-de-açúcar, uma gramínea forrageira que só produz em ciclos de seis meses, a mandioca pode ser produzida o ano inteiro. “Outra vantagem da raiz sobre a cana-de-açúcar é a grande diversidade genética da planta, que foi gerada e domesticada no Brasil e que tem como ‘berço’ a Amazônia”, enfatiza.
O especialista aponta para a necessidade de se buscar uma estratégia política adequada para equilibrar e otimizar o potencial produtivo do Pará. Para Moacir Rocha, é preciso que se busque envolver mais a tecnologia brasileira a essa atividade e torná-la mais integrada às necessidades dos Estados, tanto quanto às prioridades econômicas do país. “Também há que se buscar o apoio das instituições de pesquisa, sem as quais não se pode gerar desenvolvimento sustentado”, assinala.
O Brasil é 2° maior produtor de mandioca
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, a produção mundial de mandioca em 2007 alcançou o volume de 228.138.068 toneladas, destacando- se a Nigéria como o maior produtor do planeta, com 45.750.000 toneladas.
O Brasil, com 27.312.946 toneladas, de acordo com os dados FAO (ou 26,5 milhões de toneladas, segundo os números do IBGE), ocupa o 2° lugar do ranking. Apesar de ser cultivada em todo o país, a mandioca concentra-se em três Estados, onde estão 50% da produção brasileira: o Pará, que responde por mais de um quinto (20,3%) de toda a produção brasileira, Bahia (16,5%) e Paraná (14,4%). Fica também no Pará o município maior produtor de mandioca do Brasil – Acará, cuja produção média corresponde a cerca 2,5% da produção nacional.
Da produção mundial, de acordo com números da FAO, mais da metade, 117,8 milhões de toneladas, (51,6% do total de 228,1 milhões de toneladas), é produzida no continente africano, vindo em segundo lugar o continente asiático, com 71,8 milhões. O continente americano é o 3° produtor mundial,com 38,2 milhões de toneladas, dos quais a quase totalidade concentrada na América do Sul e, nesta, a maior parte (27,3 milhões) no Brasil. Além de Nigéria (45,7 milhões de toneladas) e Brasil (27,3 milhões), são grandes produtores de mandioca a Tailândia (26,4 milhões), Indonésia (19,6 milhões), Congo (15 milhões), Gana (9,6 milhões), Vietnam (8,9 milhões), Angola (8,8 milhões), Índia (7,6 milhões), Moçambique (7,3 milhões), Tanzânia (6,6 milhões), Paraguai (5,1 milhões), Uganda (4,4 milhões) e China, com 4,3 milhões de toneladas/ano.
Em relação à China, aliás, há um detalhe curioso, que serve também para realçar o potencial produtivo do Pará, conforme faz questão de frisar Moacir Rocha. Embora tenham uma produção significativamente menor que a do Pará, os chineses já dispõem, espalhados por seu vasto território, de numerosos projetos de miniusinas de etanol extraído da mandioca.
Isso se explica, em parte, pelo fato de que o governo chinês não permite a produção de etanol a partir de grãos, como forma de proteger a produção de alimentos, prioridade absoluta naquele país. Pela mesma razão é que a China não expande a sua produção de mandioca para produção de etanol, já que haveria o risco de comprometer as terras destinadas ao cultivo de grãos e apropriadas pelo governo como garantia da segurança alimentar para a gigantesca população chinesa.
Fonte: Diário do Pará